Parlamentares bolsonaristas alvos da PF atuavam como 'milícia privada digital'

Deputados, vereador, jornalistas e pastor foram citados em decisão de Alexandre de Moraes; dois foram presos

16 dez 2022 - 08h51
Investigados pela PF no Espírito Santo
Investigados pela PF no Espírito Santo
Foto: Reprodução

Os parlamentares e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que foram alvo da operação da Polícia Federal contra atos antidemocráticos no Espírito Santo faziam parte de uma "milícia privada digital", destacou Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), na decisão que autorizou a ação policial.

O relator do inquérito que investiga manifestações inconstitucionais na Suprema Corte também autorizou operação em outros Estados, além do Distrito Federal.

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De acordo com o documento, ao qual a TV Globo teve acesso, a PF cumpriu mandados no ES contra "milícia privada digital que incentiva ataques à democracia" formada pelo vereador Armandinho Fontoura (Podemos), que está preso, pelo jornalista da Folha do ES Jackson Rangel, também preso, pelos deputados estaduais Carlos Von (DC) e Capitão Assumção (PL), que passam a usar tornozeleiras eletrônicas, e pelo radialista Max Pitangui (PTB) e o pastor Fabiano Oliveira, que não foram encontrados para cumprir o mandado de prisão.

Operação

A Polícia Federal prendeu preventivamente os investigados nesta quinta-feira, 15.

Os deputados estaduais Carlos Von e Capitão Assumção foram proibidos de deixar o Espírito Santo, de usar redes sociais, de conceder entrevistas e de participar de eventos públicos em todo o território nacional. Em caso de descumprimento, pagarão multa diária de R$ 20 mil. Eles também tiveram os passaportes retidos.

Já o vereador Armandinho Fontoura, que assumiria a Presidência da Câmara Municipal de Vitória no ano que vem, também teve seu gabinete revistado por agentes federais.

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Defesas

Em nota, a assessoria do deputado Capitão Assumção diz que recebeu "com espanto a ordem emanada pelo Ministro Alexandre de Moraes".

"Seja por não haver indícios mínimos de atitudes que tenham atingido a segurança do STF, mas tão somente divergências políticas com o ministro Alexandre de Moraes, com a finalidade exclusiva de criar constrangimento moral e político ao deputado estadual eleito mais votado pela direita capixaba, a defesa entrará imediatamente com recurso buscando o restabelecimento integral das suas prerrogativas de parlamentar e de cidadão", afirmou o texto. "Quanto ao mérito da ordem judicial, o único fato imputado ao deputado na decisão se referiu a: a) "demonização de ministros desta Corte como "demônios" e, mormente em relação a Vossa Excelência, de "capeta" e b) "tendo inclusive repostado... o "vídeo que irritou Alexandre de Moraes"(folhas 10 da decisão)", diz a nota.

Já Oliveira, um dos acusados de praticar atos antidemocráticos no Estado, gravou um vídeo de manhã, pouco antes de ser preso.

"Estou em frente ao quartel, ao 28º Batalhão de Infantaria. Estou aguardando a Polícia que tem um mandado de prisão contra mim. Foram até a casa da minha ex-esposa para me buscar e me prender. Continuo aqui na defesa da minha liberdade, da liberdade dos meus filhos e do nosso povo brasileiro, ciente de que não cometi nenhum crime. Continuo com a mesma certeza de que não vamos dar um só passo atrás até que o comunismo caia no nosso País", disse.

Atos antidemocráticos

Desde o fim do segundo turno, extremistas promoveram atos em rodovias e nas portas de quartéis. Inconformados com a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que derrotou o presidente Jair Bolsonaro em sua tentativa de reeleição, os extremistas apelam aos militares. Pedem um golpe militar - que chamam de intervenção federal - que impeça a posse do presidente eleito, que, pela Constituição, assumirá o cargo em 1º de janeiro. Sem provas, os golpistas alegam que houve fraude nas urnas eletrônicas.

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Na última segunda-feira, 12, em Brasília, integrantes desses grupos promoveram quebra-quebra em Brasília. Deixaram um rastro de veículos queimados e de destruição na sede da Polícia Federal e em uma delegacia da Polícia Civil, além de depredação nas ruas. (* Com informações do Estadão Conteúdo)

Fonte: Redação Terra
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