Um grupo de parlamentares apresentou nesta terça-feira um pedido para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, investigar a conduta da presidente Dilma Rousseff quando esteve na presidência do Conselho de Administração da Petrobras e autorizou a compra de uma refinaria em Pasadena, nos Estados Unidos.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) cogitou a possibilidade da presidente ter cometido crime de "prevaricação" no caso e disse que o grupo de sete senadores também apoiará a realização de uma CPI no Congresso para apurar o negócio da estatal.
"Pedimos ao procurador-geral da República que investigue a circunstância de a presidente, depois de decorrido tanto tempo que deveria ter o dever de agir e não agiu neste caso, cometendo ato de prevaricação", argumento o senador.
"O que estamos questionando é por que os responsáveis por esse ato lesivo não foram afastados da administração pública, por que... não teve a atitude e a iniciativa por parte da autoridade que tinha o dever de agir", acrescentou.
Os problemas com o negócio em Pasadena são investigados desde 2008 pelo Ministério Público e pela própria Petrobras, mas ganharam novo contorno na semana passada depois que Dilma, que presidia o Conselho de Administração da estatal em 2006, quando a compra foi aprovada, afirmou que a operação se baseou em um documento "técnica e juridicamente falho".
Em 2006, a estatal comprou 50 por cento da refinaria no Texas por 360 milhões de dólares, mas em seguida, amargou uma batalha judicial com o parceiro no projeto, a Astra, e acabou desembolsando um total de 1,2 bilhão de dólares para adquirir a refinaria integralmente.
Os valores e os motivos da compra são agora alvo de questionamentos. Além da petição para que o procurador-geral investigue o caso, os partidos de oposição se articulam desde a semana passada no Congresso para criar uma CPI sobre o assunto.
Uma reunião dos opositores está agendada para esta terça para fechar a estratégia da tentativa de criação da CPI.
O governo tem tentado evitar que sua ampla base aliada apoie a investigação no Congresso, evitando assim que a oposição consiga as assinaturas necessárias para criação da CPI na Câmara e no Senado.
Desde a semana passada, os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, estão conversando com os líderes de partidos aliados para barrar a investigação.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro)