Pequenos grupos aproveitam protestos para pedir intervenção militar

12 abr 2015 - 19h36
(atualizado às 19h36)

Os grupos minoritários que defendem uma intervenção militar "constitucional" no Brasil aproveitaram o grande protesto deste domingo em São Paulo contra o governo e a corrupção para voltar a pedir um golpe contra a presidente Dilma Rousseff.

Estas organizações, com cartazes defendendo sua reivindicação, se infiltraram entre os milhares de manifestantes que marcharam pela maior cidade do Brasil apesar de suas ideias serem rechaçadas pelo Movimento Vem Pra Rua, organizador dos protestos.

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Um dos principais representantes destes grupos, o deputado e militar da reserva, Jair Bolsonaro (PP), afirmou que a solução não é exigir a renúncia ou a destituição de Dilma, como pede a maioria dos manifestantes, mas acabar com a "apropriação ideológica do Estado" promovida pelo PT.

"Temos um problema no Brasil que é tão ou mais grave que esse (o fim do governo de Dilma), que é a corrupção como uma imposição ideológica. O Brasil se aproxima cada vez mais de ditaduras como a de Cuba e, me atrevo a dizer, como a da Coreia do Norte", afirmou o deputado à Agência Efe.

Bolsonaro, que se disse defensor de uma "democracia conquistada a duras penas em 1964 (ano do golpe de Estado) pelos militares", assegurou que, com a aproximação que iniciou com Cuba, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apenas procura o voto dos hispânicos.

"Obama é do Partido Democrata. Eu logicamente seria seu opositor. Mas o que vejo é que ele quer conquistar o voto hispânico. Embora também esteja querendo conter a exportação de guerrilhas promovida por Cuba", opinou.

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O parlamentar disse ainda que o Brasil financia os planos do governo cubano por meio do programa Mais Médicos, criado por Dilma.

Outra das manifestantes, Nadia Afonso, afirmou que a intervenção militar é constitucional e está prevista em dois artigos da Constituição.

"Estes artigos dizem que o povo, através de seus representantes, pode exercer o poder. E os representantes que elegemos não estão cumprindo seu dever. Então o povo tem o direito de pedir a intervenção militar. Eles são os únicos que podem regular o país, que está um caos por toda essa corrupção", afirmou.

No meio dos grupos democráticos se destacou a presença da ativista política guatemalteca Gloria Álvarez, diretora de projetos do Movimento Cívico Nacional da Guatemala e que foi apresentada pelos organizadores como uma "convidada ilustre".

Álvarez aproveitou o convite para pronunciar um discurso no qual criticou os que chamou de "governos populistas" da América Latina que, em sua opinião, geram mais pobreza ao oferecer subsídios aos pobres ao invés de bolsas de estudos.

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Segundo a guatemalteca, as políticas educativas desenvolvidas por esses governos têm por princípio um "doutrinamento" que atenta contra a liberdade.

Os protestos foram convocados nas redes sociais pelos mesmos movimentos que se dizem independentes dos partidos políticos e que em 15 de março conseguiram reunir cerca de dois milhões de manifestantes em dezenas de cidades.

O número de manifestantes neste domingo, no entanto, foi muito inferior ao do mês passado, o que foi minimizado pelos organizadores e ignorado pelo governo, que nesta oportunidade se absteve de alinhar ministros para dar respostas.

Em São Paulo, um dos principais redutos da oposição e que no mês passado registrou um histórico protesto com cerca de um milhão de pessoas, a passeata de hoje reuniu 275.000 manifestantes, um quarto do número de março, segundo o primeiro cálculo divulgado pela polícia.

Os organizadores dos protestos admitiram a redução do número de convocados, mas advertiram que até as pesquisas mostram que a insatisfação continua crescendo e a aprovação do governo segue em baixa.

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Segundo uma pesquisa divulgada ontem pelo Datafolha, 75% dos brasileiros aprova os protestos e 63% apoia que o Congresso abra um julgamento político visando à destituição de Dilma, cujo índice de aprovação continua nos 13% que tinha em março - o menor desde que assumiu -, por sua suposta responsabilidade no escândalo de corrupção da Petrobras.

  
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