Em mais um lance da briga iniciada na semana passada, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chamou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de "Nhonho". Salles postou o comentário no Twitter na noite desta quarta-feira, 28, em resposta a Maia que, no último dia 24, teceu críticas à sua atuação. Nhonho é um apelido utilizado de forma pejorativa pelos bolsonaristas contra o presidente da Câmara, em referência ao personagem da série mexicana "Chaves", interpretado pelo ator Édgar Vivar. A palavra "nhonho" é também popularmente usada para se referir a uma pessoa "tonta", que só fala besteira."O ministro Ricardo Sallles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo", escreveu Maia, na semana passada. O titular do Meio Ambiente reagiu nesta quarta, um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro pedir à equipe, em reunião ministerial, que não lavasse "roupa suja" em público.
No entanto, após a repercussão, Salles voltou ao Twitter na manhã desta quinta-feira e disse que não foi o responsável pela postagem. "Fui avisado há pouco que alguém se utilizou indevidamente da minha conta no Twitter para publicar comentário junto a conta do Pres. da Câmara dos Deputados, com quem, apensar de diferenças de opinião, sempre mantive relação cordial", escreveu. Na sequência, a conta do ministro saiu do ar.
Os atritos na Esplanada se tornaram públicos na quinta-feira, 22, após Salles chamar no Twitter o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, de "Maria Fofoca". O ataque ocorreu na esteira de uma nota publicada pelo jornal O Globo, afirmando que Salles estava "esticando a corda" com militares do governo. O ministro do Meio Ambiente viu ali o dedo de Ramos e, além disso, atribuiu ao colega uma ação para desidratar sua pasta, convencendo a equipe econômica a retirar verbas que deveriam ser destinadas ao Meio Ambiente para o combate às queimadas.
Nhonho
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) October 29, 2020
No último domingo, 25, em mensagem também publicada nas redes sociais, Salles pediu "desculpas pelo excesso" ao chamar Ramos de "Maria Fofoca". O ministro da Secretaria de Governo, por sua vez, disse que "uma boa conversa apazigua as diferenças".
Apesar da trégua, o confronto continuou nos bastidores do governo, escancarando novamente as divergências entre a ala ideológica, que apoia Salles, e o núcleo militar, que ficou ao lado de Ramos. O general também ganhou o respaldo de Maia, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR).