Pesquisa para prefeito de SP anima tucano e isola Bolsonaro

Levantamento exclusivo é uma parceria do 'Estado' com a Associação Comercial de São Paulo e o Ibope

23 mar 2020 - 05h11
(atualizado às 09h13)

A pouco mais de meio ano da eleição municipal, a pesquisa Ibope sobre a disputa na capital paulista divulgada neste domingo, 22, animou tucanos, ampliou a pressão sobre o PT e sinalizou o isolamento do "bolsonarismo" no maior colégio eleitoral do Brasil.

Bruno Covas, prefeito de São Paulo, durante coletiva de imprensa
Bruno Covas, prefeito de São Paulo, durante coletiva de imprensa
Foto: João Alvarez/FotoArena / Estadão Conteúdo

Os pré-candidatos e dirigentes partidários ouvidos pela reportagem foram cautelosos ao comentar os números, mas reconheceram que o prefeito Bruno Covas (PSDB) cresceu no processo de enfrentamento ao coronavírus. A pesquisa foi encomendada pela Associação Comercial de São Paulo - o levantamento exclusivo é uma parceria do Estado com a associação e o instituto de pesquisa.

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"Não é o momento de discutir eleição, mas a pesquisa consolida o nome do Bruno e deixa claro que não há um plano B para o PSDB", disse o secretário da Civil da Prefeitura, Orlando Faria, um dos mais próximos auxiliares de Covas. No momento em que enfrenta uma luta contra o câncer e outra contra o coronavírus, o prefeito registrou 18% das intenções de voto, atrás apenas do deputado Celso Russomanno (Republicanos), com 24%.

A avaliação reservada entre os tucanos é que Bruno Covas tornou-se conhecido da população e entra na disputa em posição privilegiada - ele já fechou com seis partidos em sua coligação e terá o maior tempo de exposição na propaganda eleitoral de rádio e TV. Os números, dizem dirigentes do PSDB, ajudaram a sepultar as articulações "conspiratórias". O prefeito mantém uma conversa com o Republicanos, que pode indicar Russomano como vice de Covas. Procurado, Russomanno não se manifestou até a publicação deste texto.

Pré-candidato do PSD, o ex-tucano Andrea Matarazzo também comemorou o seu resultado - 3% das intenções de voto. "Sou o único sem cargo público e sem tribuna. Está ótimo. O resultado do Bruno é recall do momento", afirmou o ex-vereador. A avaliação de Matarazzo é que Covas foi beneficiado pela grande exposição na mídia no enfrentamento ao coronavírus.

Com 9% das intenções de voto na pesquisa, o ex-governador Márcio França (PSB) também foi cauteloso ao comentar seu desempenho. Ressaltou que a pandemia do coronavírus "tende a turvar" qualquer coisa nesse momento, mas previu uma polarização. "São Paulo é tão forte que cria uma polarização em relação ao Brasil", afirmou.

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Já Guilherme Boulos, do PSOL, que recebeu 6% das intenções de voto na pesquisa, disse que França não se enquadra no campo da esquerda. "Não dá para repercutir de maneira normal a pesquisa nesse cenário. Não é o momento de pensar em eleição, mas ser o nome mais bem posicionado na esquerda é gratificante", disse o líder do MTST. Depois de lembrar que ainda precisa enfrentar prévias no Psol para ser candidato, Boulos questionou se França é mesmo um nome de esquerda.

"França sempre representou a direita do PSB", afirmou o ex-presidenciável do PSOL. Em caráter reservado, porém, lideranças do campo da esquerda e da direita avaliam que qualquer candidatura do PT vai avançar para a casa dos 10%, no mínimo. Apesar de Tatto não ser o nome preferido da cúpula petista, ele é o quadro com maior força força interna para vencer as prévias.

"O Márcio França tem uma relação forte com o PSDB em São Paulo. Ele terá que fazer uma inflexão à esquerda, se não ficará sem espaço. A extrema direita vai jogá-lo na esquerda", disse Tatto. A avaliação do petista é que não há espaço na capital para uma candidatura de centro. "Vai ter uma polarização entre o PT e o candidato do Bolsonaro".

Pré-candidato do Patriotas e líder do MBL, o deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei (3%) comemorou seu desempenho. "Não sou muito assíduo de pesquisa. Celso Russomanno sempre sai na frente e depois desidrata. É natural o Bruno Covas estar bem com a máquina na mão. Mas eu saí maior que o Marquezine em Porto Alegre e o Doria em SP na mesma época", afirmou.

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Com 2% das intenções de voto, Tatto minimizou seu desempenho ."Não é o momento de discutir eleição e sim de salvar vidas. Mas vai acontecer mais para frente uma polarização entre o PT e o candidato do Bolsonaro. A polarização vai ser muito forte", disse o pré-candidato.

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