O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse nesta terça-feira ter "convicção” e "consciência" que o deputado André Vargas (sem partido-PR) não fez lobby para o laboratório Labogen, empresa do esquema do doleiro Alberto Youssef. Apesar de o parlamentar considerar um erro o ex-colega de partido ter utilizado um avião pago por Youssef, Vaccarezza o defendeu da acusação de tráfico de influência no Ministério da Saúde.
“Tenho convicção que, a não ser que fatos novos apareçam, que o André não fez lobby para a Labogen. Tenho convicção que, se tem alguma discussão de quebra de decoro, é a discussão sobre o uso do avião”, disse o petista, que se diz amigo de Vargas, na condição de testemunha.
André Vargas renunciou à vice-presidência da Câmara e deixou o PT depois que admitiu, na tribuna da Casa, ter utilizado um jatinho pago pelo doleiro Alberto Youssef para viajar com a família nas férias de Londrina (PR) para João Pessoa (PB). O parlamentar é acusado também de atuar para garantir um contrato do Ministério da Saúde com a Labogen.
Vaccarezza negou ter se reunido, em seu apartamento funcional em Brasília, com Vargas e Youssef, mas disse conhecer o doleiro. Ele considerou uma “injustiça” misturar as acusações de lobby com os crimes atribuídos a Youssef, preso pela Operação Lava Lato, da Polícia Federal.
“A injustiça que está sendo feita aqui é misturar o lobby que alguns acusam que ele cometeu com os crimes que a Labogen tenha cometido e que Youssef tenha cometido. Principalmente em época de eleição”, disse o deputado.
O relator do processo, deputado Julio Delgado (PSB-MG), rebateu a afirmação de que as acusações seriam valorizadas em virtude do período eleitoral. “Eu estou cumprindo minha postura de relator dentro do prazo. Não fui eu que demorei para ser citado, para apresentar defesa. Não fui eu que fui à tribuna da Câmara fazer uma defesa em que eu possa ter me comprometido. Agora eu, relator, sou culpado por estar chegando perto das eleições?”, questionou.
Juiz cancela videoconferência com doleiro
O juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, cancelou a videoconferência marcada para amanhã pelo Conselho de Ética com o doleiro Alberto Youssef. O magistrado entendeu que os gastos para o deslocamento do detento e os riscos da operação não se justificavam, já que a testemunha comunicou que ficaria em silêncio. Preso pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, Youssef é testemunha importante para dois processos do colegiado, dos deputados André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SDD-BA).
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