A escolha do nome de Joaquim Levy para ocupar o Ministério da Fazenda no lugar de Guido Mantega, como deve ser anunciado nesta quinta-feira em Brasília, é algo que tem sido encarado como contraditório por algumas correntes internas do Partido dos Trabalhadores. Isso porque ele tem um perfil bem diferente do defendido pela legenda durante a campanha eleitoral, quando propôs um embate muito claro de ideias contra o PSDB.
Joaquim Levy é diretor-superintendente do Bradesco Asset Managment e já foi aluno de Armínio Fraga, apontado por Aécio Neves durante a campanha como seu ministro da Fazenda, caso tivesse sido eleito. Apesar de evitarem falar em nomes de forma aberta, os representantes de algumas correntes de dentro do PT têm criticado o perfil do novo ministro.
As diferenças de opinião devem ser colocadas na mesa a partir de amanhã, após o anúncio oficial, quando o Partido dos Trabalhadores realiza um encontro nacional na cidade de Fortaleza. Entretanto integrantes do governo já saem em defesa de Levy dizendo que ele aderiu à equipe de Dilma por concordar com a política defendida pelo Executivo.
“Eu não sei que conversas, que compromissos, como foi feito o convite(...) Agora, pela trajetória anterior e pelas declarações, eu acho que figuras do tipo do Levy , por exemplo, não preenchem o perfil que nós aprovamos (...) quando dizemos que queremos que a equipe atue de acordo com as urnas, com a vitória, com o interesse do povo que votou nesse projeto e que nós vamos continuar a garantir essa política econômica”, afirma o deputado estadual do Rio Grande do Sul, Raul Pont, que é da diretoria executiva nacional de uma corrente petista chamada Mensagem ao Partido, que tem entre seus maiores nomes o ex-ministro da Justiça e governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro.
“Nós não fizemos nenhuma campanha defendendo política de austeridade, de ajuste fiscal, de combater a inflação via taxa de juros...”, completa o deputado, dizendo um manifesto elaborado pelo do diretório local será levado para o encontro nacional do partido que acontece amanhã e sábado em Fortaleza.
Ao confirmar a escolha do nome do novo chefe da Fazenda, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que a entrada de Levy ao governo significa que ele tenha aderido ao projeto econômico do governo, e não o contrário.
"Sinceramente só vejo com bons olhos a nomeação do Levy", disse Carvalho ao chegar ao seminário Agenda Futura da Participação Social, em Brasília. "E é evidente que, ao aceitar ser ministro desse projeto, ele está aderindo a esse projeto e à filosofia econômica desse projeto. O nome dele é importante porque pela trajetória dele, ele traz uma credibilidade, ele contribui com o nosso projeto", acrescentou.
O projeto ao qual Raul Pont se refere é a de garantia de política salarial, de empregos, de combate a altas taxas de juros. “Não estamos preocupados em ficar disputando PIB (Produto Interno Bruto) com a China, com a Europa, com os Estado Unidos, até porque nessas regiões, com exceção da China ou da Índia, nessas regiões do capitalismo mais antigo e mais imperialista, as taxas decrescimento também são ridículas, muito baixas. Deles, não podemos ter nenhuma inspiração”, afirma.
Com informações da Agência Brasil.