O executivo Júlio Gerin de Almeida Camargo, dono de três empresas usadas para repassar propina e depositar dinheiro a partidos políticos, não prestou serviços apenas à Toyo Setal, companhia que o levou a assinar acordo de delação premiada na Operação Lava-Jato, segundo informações publicadas nesta sexta-feira pelo jornal O Globo. De acordo com a publicação, a movimentação bancária da Treviso Empreendimentos, uma das empresas de Júlio Camargo, aponta que ele recebeu R$ 16,8 milhões da Construções Camargo Corrêa, em três parcelas de R$ 5,631 milhões, entre julho e setembro de 2012.
A mesma conta também recebeu dinheiro do consórcio Camargo Corrêa/Promon/MPE e da UTC Engenharia, e serviu para enviar a propina para o exterior. O valor depositado pela Camargo Corrêa é o dobro dos R$ 7,4 milhões depositados na conta da empresa pelo consórcio TUC, que incluía, além da Toyo Setal, a Odebrecht e a UTC.
Segundo O Globo, a Toyo Setal informou que Camargo prestava serviços como consultor, não como contratado. Júlio Camargo afirma ter feito depósitos em contas de Fernando Soares, apontado como operador do PMDB na diretoria da Petrobras, e de Renato Duque, diretor de Engenharia e Serviços – esse último seria arrecadador de dinheiro para o PT.
No acordo de delação, Júlio Camargo se comprometeu a pagar R$ 40 milhões em multa e, em troca, deverá ser condenado a no máximo 15 anos de prisão. Ele terá direito a cumprir a pena em regime aberto por três (mínimo) a cinco anos (máximo), prestando 30 horas de serviços comunitários mensais.