O presidente da Associação de Engenheiros da Petrobras, Silvio Sinedino, toma posse no próximo dia 2 como representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da estatal. Ele promete se empenhar para que seja apurada a operação que resultou na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que deu prejuízo de US$ 1 bilhão à petroleira. É a segunda vez que Sinedino irá representar os trabalhadores no conselho de administração. A primeira foi em 2012, quando a estatal concluiu o processo de compra da refinaria.
Sinedino lembrou que em 2006, quando a Petrobras decidiu adquirir a refinaria de Pasadena com o objetivo de refinar óleo pesado do Campo de Marlim nos Estados Unidos, a empresa belga Astra havia pago, um ano antes, US$ 42 milhões pelo mesmo empreendimento. A estatal brasileira gastou, em 2006, US$ 360 milhões pela compra de metade da refinaria, que processava óleo leve e necessitava de adaptações, para atender à meta estabelecida. "Isso dá uma multiplicação de 18 vezes de rentabilidade em um ano", observou Sinedino.
Silvio Sinedino assegurou que caso o conselho de administração não apure as responsabilidades pela transação, os trabalhadores da Petrobras recorrerão à Comissão de Valores Mobiliários, que fiscaliza empresas com ações na bolsa de valores. Irão também ao Ministério Público para levar a questão à Justiça. Ele confia, porém, que o caso entrará na pauta da próxima reunião do conselho, tendo em vista a repercussão que do episódio, somada às investigações feitas pela Polícia Federal que resultaram na prisão do ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Sinedino informou que durante o processo de conclusão da compra da refinaria, houve muita disputa entre os sócios, que eram a Petrobras e a Astra. Quando foi eleito para participar do conselho, em 2012, Sinedino disse que comentou-se entre os membros a existência de uma carta da Petrobras para a empresa belga, na qual a estatal brasileira propunha que faria sozinha a reforma da unidade de Pasadena. "Essa parte da carta passou no conselho. Mas tinha uma segunda parte da carta que dizia que a Petrobras garantia 6,9% de rentabilidade para o sócio. Uma rentabilidade de 6,9% em dólar, nos Estados Undos, é um absurdo", avaliou.
Segundo o presidente da associação dos engenheiros, a segunda parte da carta não circulou no conselho, embora este tenha aprovado a operação final. "Quem foi que enganou o conselho, escondendo isso? Duvido que isso fosse aprovado se tivesse sido apresentado ao conselho". Ele está confiante que toda a responsabilidade pelo episódio será apurada. "Tem que apurar a responsabilidade de quem fez isso para que, no mínimo, não seja repetido".