Luiz Fernando Pezão, agora de forma oficial, abrirá o seu palanque eleitoral, a partir do dia 6 de julho, para o candidato do PSDB à presidência da República, o senador Aécio Neves. Em entrevista coletiva à imprensa na manhã desta segunda-feira, o atual governador do Rio de Janeiro justificou a aliança com os tucanos, além do DEM e PPS, todos de oposição ao atual governo, como uma resposta a um acordo de sete anos e três meses que foi rompido, pelo menos por enquanto em esfera estadual, pelo próprio PT.
"Não fomos nós que rompemos a aliança com PT. O PT participou do nosso governo por sete anos (e três meses). Tem um senador eleito na nossa aliança e rompeu, e abriu essa possibilidade para ter outros palanques", afirmou o governador sobre a candidatura própria dos trabalhadores no estado fluminense que tem como líder o senador Lindbergh Farias.
Desta forma, de acordo com o próprio Pezão, seu palanque eleitoral terá espaço agora para três candidatos à presidência: o próprio senador Aécio Neves (PSDB), a presidente Dilma Rousseff (PT) e também o pastor Everaldo (PSC). "Eu tenho que obedecer essa aliança pelo Rio de Janeiro", explicou. O senador tucano foi o grande articulador desta aliança, selada em seu apartamento em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, neste final de semana.
Sobre o fato de ser amigo pessoal da presidente Dilma e se essa nova aliança joga por terra uma aliança construída ainda nos tempos em que Lula era presidente da República e Sérgio Cabral, candidato a governador para o seu primeiro mandato, Pezão usou claramente da diplomacia.
"Eu continuo tendo meu relacionamento com a presidente. Isso é acima das questões partidárias. Nós fizemos uma aliança que recuperou o Rio de Janeiro e isso não prescreve. Tenho o maior carinho pela presidente Dilma, mas a gente sabe que a política tem esse dinamismo", justificou.
Na nova aliança construída neste final de semana e oficializada nesta segunda-feira, Pezão terá como candidato a senador o democrata e ex-prefeito César Maia. Este é um claro ato de resposta à aliança que os petistas fizeram com o PSB, na semana passada, com apoio a Romário para o mesmo cargo no Congresso Nacional. Com isso, o ex-governador Sérgio Cabral abriu mão de sua candidatura ao Senado. Especula-se que ele possa dirigir a campanha de Pezão, ao mesmo tempo em que possa postular um cargo de deputado federal.
A ofensiva do PMDB estadual garantirá, num acordo que envolve 19 partidos no total, mas polarizado entre PSDB, PSD, PPS e DEM, nada menos do que 12 minutos de propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão - dos 25 minutos a que tem direito os partidos. A chapa PT-PSB-PV-PC do B terá cerca de cinco minutos e meio.
Sobre o fato deste acordo confundir o eleitor de alguma forma a cabeça do eleitor, acostumado a atrelar a imagem de Cabral e Pezão com a de Dilma Rousseff, Pezão acredita que "na hora certa a gente vai trabalhando, vendo como é o quadro e o eleitor é muito inteligente para saber separar e escolher separadamente".
Bacanal eleitoral
A aliança do PSB com o PT já havia sido classificada pelo deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ) como "suruba eleitoral". Neste final de semana, após os movimentos e reuniões que confirmaram a aliança agora entre PMDB-PSDB-DEM-PPS, o prefeito Eduardo Paes soltou nota oficial à imprensa reafirmando seu apoio único a Dilma Rousseff e classificando tais alianças como "bacanal eleitoral".
Presidente estadual do PMDB, e grande aliado do movimento dissidente classificado como "Aezão”, Jorge Picciani afirmou que “ninguém divergiu dentro do PMDB mais do que eu. É um companheiro importante para levar o Pezão à vitória. Ele tem o direito de opinião, mas eu tenho certeza de que ele saberá as linhas partidárias, como eu soube seguir depois de divergir por oito meses com o governador Cabral. Portanto, esse exemplo é o que eu espero dele".
Picciani citou o fato de, num primeiro momento, o então governador não ter quebrado a aliança com o PT diante da ofensiva do partido em lançar candidato próprio no Estado. No evento para os jornalistas, participaram ainda o presidente estadual do DEM, deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente regional do PSDB, deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB-RJ) e o também membro da Assembleia Legislativa do Rio e presidente regional do PPS, Comte Bittencourt, além do deputado federal Leonardo Picciani (PMDB-RJ).
Em poucas palavras nesta questão, Pezão explicou que "claro que ele tem" espaço no PMDB, sobre o fato de Eduardo Paes estar perdendo espaço dentro do partido. "Esse é meu trabalho agora de pegar os insatisfeitos. Esse é o trabalho da gente. Eu volto a reiterar: eu não faço político olhando pelo retrovisor. Quero o bem do Rio", complementou.
Inimigo político de Paes, César Maia classificou como "mais do que normal" a reação do atual prefeito à nova aliança. "Eu o conheço, ele veio do meu útero", disse o agora candidato a senador pelo Rio de Janeiro. Paes iniciou carreira política justamente na primeira gestão de Maia como prefeito do Rio - ele foi sub-prefeito da região da Barra da Tijuca e Jacarepaguá antes de romper com os democratas.