Durante a Operação Tempus Veritatis, a Polícia Federal encontrou uma apresentação em slides na sede do Partido Liberal em Brasília, defendendo o poder de pressão política das Forças Armadas e criticando o Poder Judiciário e a soltura de Lula.
Durante a Operação Tempus Veritatis, realizada em fevereiro deste ano, a Polícia Federal encontrou, na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, uma apresentação em slides que teria sido usada pelo general Walter Braga Netto em palestras em clubes militares. O material foi acessado pelo jornal Estadão e defendia o "poder de pressão política" das Forças Armadas para “participar ativamente das decisões nacionais” e “ampliar o poder de influência na Esplanada”.
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Os metadados do documento indicam que ele foi criado pelo assessor Carlos Antonio Lopes de Araujo e que a última modificação foi feita pelo coronel da reserva Marcelo Lopes de Azevedo.
A apresentação de slides tem 67 páginas. O documento começa se contrapondo ao discurso de que “Forças Armadas não se envolvem em política” e de que “lugar de militar é no quartel”.
“Seguindo o pensamento liberal, os militares foram afastados do centro de poder e das decisões de Estado. Com isso, perdemos paulatinamente a capacidade de influenciar!!”, diz um dos slides.
O material chega a fazer uma comparação entre os governos petistas, de Dilma Roussef e os primeiros mandatos de Lula, com a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que nomeou diversos militares para cargos de comando. A ideia era mostrar a "importância da participação dos militares na conjuntura política”.
Além disso, os slides também mencionavam o Poder Judiciário, criticando especialmente o Supremo Tribunal Federal (STF). O material acusa o Judiciário de um suposto "ativismo" e chega a mencionar a soltura de Lula, em 2019.
Um dos slides é intitulado “Por que queremos mais quatro anos de governo Bolsonaro?” Ex-ministro da Casa Civil, Braga Netto foi vice na chapa do ex-presidente. Uma página, ainda em fase de rascunho, sugere que o general poderia acrescentar informações sobre como foi concorrer em 2022 e sobre os “projetos” para 2024 e 2026.
O Estadão chegou a pedir um posicionamento da defesa do general Braga Netto sobre os slides, mas não houve retorno. O ex-candidado a vice na chapa de Bolsonaro em 2022 foi preso na manhã deste sábado, 14, em uma operação da Polícia Federal no âmbito do inquérito que apura o planejamento de um golpe de Estado após o resultado da última eleição presidencial.