A Polícia Federal chegou a Luciano Ferreira Cavalcante, ex-assessor de Arthur Lira (PP-AL), após seguir um casal de Brasília, que estaria desviando verba por meio da empresa Megalic, que recebia dinheiro de contratos de kits de robótica assinados no governo de Jair Bolsonaro (PL). As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O casal foi preso nesta quinta-feira, 1º, na operação que também fez buscas contra Luciano Cavalcante.
Através das transações da Megalic, a PF chegou até o casal, descobrindo uma intensa movimentação de saques em espécie em agências bancárias e posteriores entregas. A investigação trabalha com a hipótese de que os valores tivessem agentes públicos como destino.
Entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, a polícia acompanhou e filmou ao menos dez idas do casal a agências bancárias e entregas de valores em Brasília, cidades próximas e em Maceió.
Em janeiro, a PF flagrou o veículo usado por esse casal na capital de Alagoas. Ao investigar o veículo, os agentes descobriram que o carro estava em nome de uma pessoa, mas era utilizado e ficava na residência de Cavalcante e sua esposa, Glaucia.
Nesse episódio do flagra, a PF acompanhou o casal de operadores de Brasília indo até a casa do então assessor de Lira. Glaucia foi filmada dirigindo o veículo com os dois durante deslocamentos em Maceió.
A defesa de Cavalcante disse que analisa os fatos, mas que "as simples imagens mencionadas não demonstram qualquer atividade ilícita do investigado", afirmou o advogado André Callegari.
A Megalic, empresa que fornecia os kits, funcionava em uma pequena casa no bairro de Jatiuca, em Maceió. A empresa não produz os kits de robóticas, sendo apenas uma intermediária e tendo fechado contratos milionários de ao menos R$ 24 milhões.
A Megalic está em nome de Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda (PSD).
Operação
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 1, a Operação Hefesto para aprofundar a investigação sobre um esquema de fraudes em licitações de 43 municípios de Alagoas. O prejuízo estimado até o momento é de R$ 8,1 milhões, mas os investigadores que o rombo nos cofres públicos pode ser maior.
Os policiais fazem buscas em 27 endereços ligados aos investigados - 16 em Maceió (AL), oito em Brasília (DF), um em Gravatá (PE), um em São Carlos (SP) e um em Goiânia (GO). Duas pessoas também são alvo de mandados de prisão temporária em Brasília. As ordens judiciais foram expedidas pela 2.ª Vara Federal de Alagoas.
A PF afirma que houve direcionamento e superfaturamento de contratos para a compra de equipamentos de robótica, custeados com recursos do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), repassado pelo governo federal. As fraudes teriam ocorrido entre 2019 e 2022.
"As citadas contratações teriam sido ilicitamente direcionadas a uma única empresa fornecedora dos equipamentos de robótica, através da inserção de especificações técnicas restritivas nos editais dos certames e de cerceamento à participação plena de outros licitantes", informa a Polícia Federal. A investigação é tocada em conjunto com a Controladoria Geral da União (CGU).
A Justiça Federal também determinou o sequestro de bens dos investigados e a suspensão de processos licitatórios e contratos administrativos celebrados entre a empresa fornecedora investigada e os municípios alagoanos que receberam recursos do FNDE para aquisições de equipamentos de robótica.