A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta segunda-feira, 16, uma operação na cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Os alvos são os investigados nos atos antidemocráticos após o segundo turno das eleições presidenciais, no ano passado, e nos atos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro, em Brasília.
Batizada de Operação Ulysses, a ação dá cumprimento a três mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Segundo a Polícia, um dos investigados já foi preso. Outros dois ainda não foram localizados. Nos endereços ligados aos suspeitos foram recolhidos aparelhos de telefone celular, computadores e documentos.
De acordo com a PF, a investigação buscou identificar as lideranças locais que bloquearam as rodovias que passam por Campos dos Goytacazes e que organizaram as manifestações em frente aos quartéis do Exército no município carioca. Além disso, a corporação mira também a participação dos investigados e de outras lideranças na organização e financiamento dos atos que depredaram prédios públicos e dos atentados contra as instituições democráticas.
"Durante a investigação, foi possível colher elementos de prova capazes de vincular os investigados na organização e liderança dos eventos", diz a PF.
Os suspeitos são investigados pelos crimes de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e incitação das Forças Armadas contra os poderes institucionais.
Bombeiro é preso
O investigado que foi preso é o subtenente do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (CBMERJ) Roberto Henrique de Souza Júnior. Segundo a corporação, o militar foi detido conforme decisão judicial e será conduzido ao Grupamento Especial Prisional, em São Cristóvão, onde ficará à disposição da Justiça.
"O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro repudia veementemente quaisquer atos que ameacem o Estado Democrático de Direito. Será instaurado, ainda hoje, um Inquérito Policial Militar para apurar a participação do bombeiro da corporação em ataques contra o patrimônio público e em associações criminosas visando à incitação contra os poderes institucionais estabelecidos, o que é inadmissível", afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ, coronel Leandro Monteiro.
Invasão ao Congresso Nacional
Milhares de apoiadores golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal na tarde de 8 de janeiro. Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram o momento do ataque e o rastro de destruição que ficou. Vidraças quebradas, mesas destruídas e pichações foram registrados. O plenário do STF também foi alvo.
Em meio aos atos antidemocráticos, bolsonaristas exibiram faixas com as inscrições "Lula na cadeia", "intervenção militar", "supremo é o povo" e "Bolsonaro presidente". No mesmo dia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção federal no Distrito Federal contra os atos terroristas. A intervenção está prevista para durar até o dia 31 de janeiro.