PF: pagamento de propina a gráfica levou Vaccari à prisão

Delator declarou em depoimento que fez um pagamento de propina de R$ 1,5 milhão na conta de uma gráfica que tem prestado serviços a partidos políticos

15 abr 2015 - 11h47
(atualizado às 20h47)
<p>Joao Vaccari foi preso nesta quarta-feira em São Paulo e levado à sede da PF em Curitiba</p>
Joao Vaccari foi preso nesta quarta-feira em São Paulo e levado à sede da PF em Curitiba
Foto: Rodolfo Buhrer / Reuters

O pagamento de R$ 1,5 mil pela SOG/Setal a uma gráfica seguindo determinação de João Vaccari Neto foi a prova documental considerada suficiente pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, para determinar a prisão preventiva do tesoureiro do PT. Segundo o procurador Carlos Fernandes Santos Lima, da Força-Tarefa da Lava Jato, o delator Augusto Mendonça, da Setal, declarou em depoimento que fez o pagamento de propina depositando R$ 1,5 milhão na conta da gráfica, em um contrato de serviço que não foi prestado. “Com a prova documental desse depósito e de que o serviço não foi prestado, pedimos a prisão de João Vaccari”, disse.

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O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula lembra que Vaccari já vem sendo investigado desde 2010, responde a uma ação na Justiça de São Paulo e participou de diversas operações suspeitas, de valores significativos. “Ele foi mencionado por cinco delatores como o operador do PT no esquema. O material apreendido é consistente. Ele foi denunciado em ação penal em São Paulo em 2010 e já há indícios significativos que a ação dele prosseguiu em anos seguintes”, disse o delegado, citando que Vaccari foi delatado por Augusto Mendonça, Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco e Julio Camargo. “Essa situação reiterada de vinculação a partidos políticos de suas movimentações financeiras é que nos fez acreditar necessária a prisão preventiva”, acrescentou.

Sem citar o nome da empresa, o procurador disse que a gráfica em questão tem histórico de serviços prestados a partidos políticos, sendo que os valores recebidos podem ter sido repassados ou utilizados para o pagamento de dívidas dos partidos com a empresa. “Verificamos que existem determinações para que empreiteiros paguem por serviços a pessoas e empresas ligadas a partidos políticos. Essa operação com a gráfica 'linka' essa 12ª fase com as investigações na área de comunicação da 11ª fase”, conta.

Esclarecendo que o pedido de prisão de Vaccari já foi feito há um mês, Carlos Fernandes Santos Lima disse que as delações foram fundamentais para a comprovação do crime. “A colaboração é essencial porque precisamos desvendar uma série de operações com aparência de legalidade. Depois da delação, fica muito simples verificar a prova material do pagamento, que é documental. A parte financeira e a ausência da prestação de serviços, nós temos comprovadas”. “As delações claramente agilizam as investigações, uma série de fatos que seriam descobertos com o tempo, com a colaboração avançam na velocidade que se está avançando, sempre amarrando os depoimentos em provas” emendou o delegado Igor.

Ao contrário do que havia informado no início da manhã, a PF esclareceu, durante a entrevista coletiva, que o mandado de prisão contra a cunhada de Vaccari, Maurice Correa de Lima, ainda não foi cumprido, porque ela não foi encontrada. “Geralmente, nas nossas operações, o procurado acaba se apresentando voluntariamente. Esperamos que isso se repita”, disse o delegado. Maurice é suspeita de operação irregular na compra e venda de um apartamento, que poderia indicar lavagem de dinheiro.

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Fonte: Especial para Terra
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