A Polícia Federal prendeu um bombeiro na manhã desta segunda-feira, 16, durante a Operação Ulysses, na cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. O militar é suspeito de envolvimento nos atos antidemocráticos após o segundo turno das eleições presidenciais, no ano passado, e nos atos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro, em Brasília.
A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro (CBMERJ) ao Terra. Segundo a corporação, o subtenente Roberto Henrique de Souza Júnior foi detido conforme decisão judicial e será conduzido ao Grupamento Especial Prisional, em São Cristóvão, onde ficará à disposição da Justiça.
"O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro repudia veementemente quaisquer atos que ameacem o Estado Democrático de Direito. Será instaurado, ainda hoje, um Inquérito Policial Militar para apurar a participação do bombeiro da corporação em ataques contra o patrimônio público e em associações criminosas visando à incitação contra os poderes institucionais estabelecidos, o que é inadmissível", afirmou o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ, coronel Leandro Monteiro.
De acordo com o jornal O Globo, o subtenente preso foi candidato a deputado federal nas eleições de 2018. Roberto Henrique disputou o cargo pelo Patriota e sob a alcunha de "Júnior Bombeiro". No ano passado, ele foi condenado pela Justiça Eleitoral por mau uso do fundo partidário. Conforme o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, ele não prestou as contas de campanha e teve de devolver R$ 4 mil.
Operação Ulysses
Deflagrada nesta segunda-feira, a operação da PF dá cumprimento a três mandados de prisão temporária e cinco de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Dois investigados ainda não foram localizados. Nos endereços ligados aos suspeitos foram recolhidos aparelhos de telefone celular, computadores e documentos.
De acordo com a PF, a investigação buscou identificar as lideranças locais que bloquearam as rodovias que passam por Campos dos Goytacazes e que organizaram as manifestações em frente aos quartéis do Exército no município carioca. Além disso, a corporação mira também a participação dos investigados e de outras lideranças na organização e financiamento dos atos que depredaram prédios públicos e dos atentados contra as instituições democráticas.
"Durante a investigação, foi possível colher elementos de prova capazes de vincular os investigados na organização e liderança dos eventos", diz a PF.
Os suspeitos são investigados pelos crimes de associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e incitação das Forças Armadas contra os poderes institucionais.