PF tem mais 30 dias para concluir investigação sobre Aécio

Delatores da Odebrecht afirmam que o tucano teria defendido os interesses da empreiteira

14 jul 2018 - 17h48

A presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, prorrogou por 30 dias inquérito que investiga o senador Aécio Neves (PSDB) por supostas propinas de R$ 50 milhões da Odebrecht e da Andrade Gutierrez. A decisão acolhe parcialmente pedido da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal, que haviam pedido mais 60 dias para diligências.

Senador Aécio Neves (PSDB-MG)
06/12/2017
REUTERS/Adriano Machado
Senador Aécio Neves (PSDB-MG) 06/12/2017 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Neste inquérito, delatores da Odebrecht afirmam que o tucano teria defendido os interesses da empreiteira nas usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Jirau e Santo Antônio.

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O ex-executivo da empreiteira Henrique Valladares afirmou que o “cronograma de pagamento” feito a “Mineirinho”, codinome atribuído a Aécio, foi em parcelas que variavam de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões.

Os delatores dizem que repasses eram acertados com o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo, aliado do tucano. A maioria dos depósitos teria sido feita em uma conta em Cingapura controlada por Alexandre Accioly, empresário amigo de Aécio, que é dono da rede de academias Bodytech.

O objetivo dos pagamentos seria conseguir apoio de Aécio no relacionamento com a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), controlada pelo governo de Minas. A estatal e a Odebrecht integraram o consórcio que venceu a licitação para as obras de Santo Antônio.

Marcelo Odebrecht afirmou, em delação, que os “vultosos repasses financeiros” foram feitos ao senador e seus aliados porque Aécio “sempre teve forte influência na área de energia”.

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Em seu pedido, a procuradora-geral, Raquel Dodge, chama atenção para a ainda pendente realização de perícia sobre o sistema de comunicação Drousys e sistema de contabilidade paralela My web day, de contabilidade paralela do grupo Odebrecht, e a produção de informações policiais a respeitos dos dados encontrados nos sistemas.

Ainda estava pendente oitiva com Enio Augusto Pereira e Silva, que aderiu recentemente à leniência da empreiteira.

COM A PALAVRA, AÉCIO

Nota da defesa do senador Aécio Neves

Trata-se de ato rotineiro que já era aguardado. A obra em questão foi realizada em Rondônia pelo governo federal, sem qualquer participação do Governo de Minas. A defesa confia que a conclusão da investigação demonstrará que não houve nenhum ato irregular praticado pelo Senador Aécio.

Alberto Zacharias Toron

Advogado

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COM A PALAVRA, ANDRADE GUTIERREZ

“A Andrade Gutierrez informa que apoia toda iniciativa de combate à corrupção, e que visa a esclarecer fatos ocorridos no passado. A companhia assumiu esse compromisso público ao pedir desculpas em um manifesto veiculado nos principais jornais do país e segue colaborando com as investigações em curso dentro do acordo de leniência firmado com o Ministério Público Federal. A empresa incorporou diferentes iniciativas nas suas operações para garantir a lisura e a transparência de suas relações comerciais, seja com clientes ou fornecedores, e afirma que tudo aquilo que não seguir rígidos padrões éticos será imediatamente rechaçado pela companhia”.

COM A PALAVRA, ALEXANDRE ACCIOLY

“O empresário Alexandre Accioly reitera, uma vez mais, que não é nem nunca foi titular ou beneficiário de qualquer conta ou estrutura financeira em Cingapura e que jamais recebeu depósitos em favor de terceiros, seja em Cingapura ou em qualquer localidade do mundo.”

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