O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou às 20h11 desta terça-feira ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), 28 pedidos de investigação contra 54 pessoas citadas nas investigações da Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção envolvendo a Petrobras. Os pedidos envolvem políticos, mas não é possível precisar quantos, já que os nomes são desconhecidos.
Entre os 54 investigados há pessoas com ou sem foro privilegiado. Possuem a prerrogativa deputados, senadores e ministros de Estado, mas investigados que não exercem esses cargos poderão ser alvos dos inquéritos em última instância caso suas atuações tenham relação com as autoridades envolvidas.
Caberá a Zavascki analisar se a Procuradoria-Geral da República (PGR) poderá ou não investigar essas pessoas. Depois de analisar as solicitações, o ministro deverá decidir se retira ou não o sigilo dos inquéritos, abrindo caminho para a divulgação de nomes e do andamento dos processos.
Depois de dar andamento a acordos de delação premiada, o juiz federal Sérgio Moro, do Paraná, encaminhou ao STF nomes de políticos que apenas poderiam enfrentar ações penais na última instância. Se autorizada a investigação, o que deve ocorrer, Zavascki será a ponte entre a procuradoria e os órgãos de diligência. Toda vez que Janot precisar de uma informação, como quebra de sigilo bancário, por exemplo, deverá pedir para o ministro.
Antes da lista chegar ao Supremo, a expectativa era de cerca de 35 nomes na lista da PGR. Um dos delatores do esquema, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, relatou o número reservadamente a políticos quando foi a uma reunião da CPI da Petrobras no Congresso. Segundo Costa, empreiteiras repassavam até 3% do valor de contratos superfaturados para três partidos, PT, PP e PMDB.
Paulo Roberto Costa presta depoimento hoje em Curitiba
Video Player
Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, contratos superfaturados para a construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, teriam gerado propina para políticos do PP, PSB e PSDB, segundo informações atribuídas a um depoimento do doleiro Alberto Youssef.
Publicidade
Nesta tarde, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usou seu Twitter para negar que teria recebido informações de que seu nome consta na lista de Janot, assim como do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). “Não fui comunicado por Michel Temer de absolutamente nada”, disse Cunha, em referência a uma notícia publicada no site do jornal O Globo.
Ontem, o presidente da Câmara minimizou a abertura dos inquéritos e disse que os pedidos da PGR não devem causar “turbulência” na Casa apesar do número de partidos envolvidos. “O fato de propor um inquérito não significa que está se culpando ninguém. Então não significa turbulência”, disse.
1 de 17
Foto tirada da sede da Petrobras em 2010, no Rio de Janeiro. A empresa está no centro de um escândalo de corrupção investigado desde 2014
Foto: Bruno Domingos
2 de 17
"Lava Jato" refere-se ao uso de uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar os valores oriundos de práticas criminosas
Foto: Polícia Federal
3 de 17
O presidente da empreiteira OAS José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, preso ao ser deflagrada a Operação Lava Jato da Polícia Federal (PF)
Foto: Marcos Bezerra
4 de 17
O doleiro Alberto Youssef e os Executivos da Empresa OAS, José Adelmário Pinheiro Filho, José Ricardo Nogueira, Agenor Franco Magalhães e Mateus Coutinho de Sá Oliveirapreso da Operação Lava Jato que está detido na sede da Policia Federal em Curitiba, PR, sai para depor na sede da Justiça Federal
Foto: Vagner Rosario
5 de 17
Após prestar depoimento, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deixa a sede da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo
Foto: Renato Ribeiro Silva
6 de 17
Venina Velosa deu seu depoimento à Justiça nesta sexta-feira para operação Lava Jato
Foto: Twitter
7 de 17
O procurador da República, Carlos Fernando dos Santos Lima (à esq.), os delegado Igor de Paula e Marcio Anselmo e o superintendente regional da PF Rosalvo Franco durante coletiva de imprensa na sede da PF, em Curitiba, sobre a nona fase da Operação Lava Jato
Foto: Vagner Rosario
8 de 17
Depoimentos ocorreram nesta segunda-feira, em Curitiba (PR)
Foto: Roger Pereira
9 de 17
O procurador Rodrigo Janot concede coletiva a imprensa no Hotel Mabu, em Curitiba (PR), nesta quinta-feira (11), sobre os indiciados na Operação Lava Jato. São em torno de 20 nomes que serão apresentados pelo MPF ao Juiz Sergio Moro
Foto: Vagner Rosario
10 de 17
Lava Jato: foragido, Adarico Negromonte se entrega a PF
Foto: Roger Pereira
11 de 17
Não há provas de que o atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Consenza, tenha envolvimento com o esquema de pagamento de propina na Petrobras
Foto: Wilson Dias
12 de 17
Juiz Federal do Paraná, Sérgio Moro, investiga o caso
Foto: Divulgação
13 de 17
O deputado federal, André Vargas, teve mandato cassado por envolvimento em negócios com o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato por participação em um esquema de lavagem de dinheiro
Foto: Gustavo Lima
14 de 17
Apontado como um dos chefes da quadrilha, o dono de um dos maiores postos de combustíveis da área central de Brasília, próximo à Torre de TV - onde também funciona uma lavanderia e uma casa de câmbio - foi preso
Foto: Polícia Federal
15 de 17
O grupo investigado seria responsável pela movimentação financeira e lavagem de ativos de diversas pessoas físicas e jurídicas envolvidas em crimes como o tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração e contrabando de pedras preciosas e desvio de recursos públicos
Foto: Polícia Federal
16 de 17
João Gualberto Pereira Neto se apresenta voluntariamente na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR) - ele veio dos Estados Unidos para Curitiba, para depor sobre o esquema de corrupção de licitação e obras da Petrobras, descoberto na Operação Lava Jato da Polícia Federal
Foto: Vagner Rosario
17 de 17
O prestador de serviço da Engevix, Milton Pascowitch saindo da sede da Polícia Federal, em São Paulo (SP), após prestar depoimento na nona fase da operação Lava Jato, deflagrada na manhã desta quinta-feira (05).