Plano era sequestrar Moro no dia do 2º turno das eleições, relata juíza

A Polícia Federal pediu a prisão de 14 investigados de planejar ataques contra autoridades; Gabriela Hardt mandou prender 11

23 mar 2023 - 18h39
(atualizado às 19h17)
Sérgio Moro, ex-juiz federal da Lava Jato.
Sérgio Moro, ex-juiz federal da Lava Jato.
Foto: Gil Ferreira/Agência Brasil / Estadão

Em 71 páginas, a juíza federal Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, detalhou toda a investigação da Polícia Federal a partir do relato de uma testemunha protegida, ex-integrante do PCC, que revelou audacioso plano da facção para sequestrar o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR). Segundo a magistrada, foi cogitada ação contra o parlamentar na data do segundo turno das eleições, em 30 de outubro de 2022. Nesta quarta-feira, 22, a PF abriu a Operação Sequaz e prendeu 11 alvos. 

Em meio ao planejamento da ação contra Moro, os integrantes da quadrilha também levantaram informações sobre a família do ex-juiz. Os dados eram anotados em um caderno espiral que foi apreendido.

Publicidade
PF prende 9 suspeitos de planejar ataques contra autoridades
Video Player

Os alvos da Sequaz

A Polícia Federal pediu a prisão de 14 investigados. Gabriela mandou prender 11. Ela anotou que dentre os alvos há 'integrantes do mais alto escalão do PCC' .

O principal alvo da Operação Sequaz chama-se Janeferson Aparecido Mariano, que usa os codinomes 'Nefo', 'NF' e 'Dodge'. Ele é apontado pela PF como cabeça do núcleo do PCC encarregado da missão.

Segundo os investigadores, 'Nefo' era 'responsável pela organização, financiamento, planejamento e execução do sequestro' do ex-juiz. Ele é considerado uma liderança da 'Restrita', ala do PCC 'responsável por matar ex-faccionados e também por cometer atos criminosos contra autoridades e agentes públicos'.

Publicidade

O braço-direito de 'Nefo' é Claudinei Gomes Carias, o 'Nei' ou 'Carro' ou 'Carro sem moto leguas'. Segundo os investigadores, ele era responsável por 'ações concretas na consecução do plano, com a realização de vigilância e levantamentos in loco sobre as atividades e endereço do senador'.

A PF indica ainda que 'Nei' cooptou outros investigados, entre eles uma mulher chamada Cintia, que 'se mostrou a responsável pelo aluguel de uma chácara na região de Curitiba, que possivelmente seria usada como cativeiro'.

PF encontra esconderijo em operação contra núcleo do PCC que tinha Sergio Moro como alvo
Video Player

'Investimento'

Ao mandar prender os responsáveis pelo plano de sequestro de Moro, a juíza Gabriela Hardt destacou a 'destinação de vultosos recursos financeiros e humanos', indicando que os criminosos 'prestavam contas' sobre os valores dispendidos no planejamento da ação contra 'Tóquio'.

A magistrada viu 'grande investimento financeiro' realizado pelo grupo. "Veja-se que em apenas uma prestação de contas analisada pela equipe policial foram descritos gastos que somaram mais de meio milhão de reais", registrou.

Publicidade
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações