"Polícia Federal atua de forma autônoma", diz Mourão

Vice-presidente não comentou mandados de busca e apreensão no âmbito do inquérito das fake news

27 mai 2020 - 17h46
(atualizado às 17h52)

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quarta-feira, 27, que a Polícia Federal é "autônoma" e está "exercendo seu papel" nas investigações. Para o general, se a PF não tiver uma ação independente, "deixará de cumprir a sua missão". Mourão evitou, porém, tecer comentários sobre os mandados de busca e apreensão no âmbito do inquérito das fake news, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil / Estadão Conteúdo

Empresários, políticos e blogueiros aliados do presidente Jair Bolsonaro foram alvo, nesta quarta-feira, de operação da Polícia Federal no processo que apura ataques a ministros do Supremo. Há indícios de que aliados de Bolsonaro ligados ao setor de serviços banquem a disseminação de notícias falsas e conteúdo de ódio nas redes sociais contra o Supremo, o Congresso e outras instituições.

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"A Polícia Federal tem a sua independência, ela atua de forma autônoma", disse Mourão, em entrevista à Rádio Gaúcha. Segundo o general, Bolsonaro "muitas vezes sente" que há parcialidade no tratamento dado a alguns integrantes de sua família. "E ele (Bolsonaro) busca se contrapor a isso", argumentou.

Sem querer esticar a polêmica, o vice-presidente definiu como "normal" outra operação deflagrada pela PF, desta vez na terça-feira, 26, para apurar esquema de desvio de recursos destinados ao combate à pandemia do coronavírus no Rio. O inquérito atinge o governador fluminense Wilson Witzel, adversário político de Bolsonaro.

"Na minha visão (a operação da PF no Rio) é uma operação normal, assim como hoje nós temos outra operação, que a própria Polícia Federal está cumprindo, em relação àquele inquérito das fake news, do Supremo Tribunal Federal", afirmou Mourão. Ao lembrar que essa investigação é conduzida "sob a égide" de Moraes, o vice admitiu que "pessoas ligadas teoricamente ao governo do presidente Bolsonaro, inclusive alguns deputados federais, terão que ser ouvidas".

Mourão negou que Bolsonaro e deputados aliados soubessem antecipadamente da operação de terça-feira, com mandados de busca e apreensão no Palácio das Laranjeiras e em endereços ligados a Witzel. Na segunda-feira, 25, porém, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) indicou, em entrevista concedida à Rádio Gaúcha, que governadores seriam investigados pela PF "nos próximos meses". Zambelli negou, depois, ter recebido informações com antecedência.

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Questionado sobre o conteúdo do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, divulgado após autorização do ministro Celso de Mello, decano do STF, Mourão disse que a gravação acabou fortalecendo o governo. "Na minha visão, pelo que se olha pelos apoiadores de redes sociais, houve um fortalecimento do governo porque grande parcela da população concorda com a forma que o presidente tratou os assuntos que foram colocados ali", afirmou o vice.

O general observou, porém, que, como a reunião era "privada", houve "discussões e expressões" que não eram as mais "adequadas". Na avaliação de Mourão, isso "não foi bom" para o Planalto. "Naquele dia, particularmente, ele (Bolsonaro) estava irritado com alguma coisa e fez uma cobrança geral (aos ministros).E as cobranças dele, normalmente, são feitas de uma forma, digamos assim, bem assertiva, né?", observou o vice.

A reunião ministerial do dia 22 de abril faz parte do inquérito aberto pelo ministro Celso de Mello no STF para investigar acusação feita pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de que Bolsonaro interferiu politicamente na Polícia Federal.

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