Polícia Federal suspeita que Mauro Cid vazou detalhes da delação ao general Braga Netto

Ministro Alexandre de Moraes tornou relatório final da PF público nesta terça-feira, 26, e o encaminhou à PGR

26 nov 2024 - 18h34
(atualizado às 18h56)
O ex- ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, chega na sua casa no setor militar urbano após prestar depoimento no Supremo Tribunal Federal ( STF).
O ex- ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, chega na sua casa no setor militar urbano após prestar depoimento no Supremo Tribunal Federal ( STF).
Foto: Wilton Junior/ Estadao / Estadão

O relatório final da Polícia Federal (PF), que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 36 pessoas, veio à tona nesta terça-feira, 26, após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em trechos do documento, a PF relatou que há indícios de que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, vazou informações de sua delação premiada ao general Braga Netto.

Braga Netto é um dos investigados pela PF por planejar uma tentativa de golpe de Estado após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Além de tornado público, o relatório foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) e, agora, caberá ao procurador-geral, Paulo Gonet, decidir se irá denunciar ou não os 37 indiciados por tentativa de golpe de Estado.

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No relatório obtido pelo Terra, a PF afirma que apreendeu um documento na mesa do coronel Pegrino, ex-assessor de Braga Netto, na sede do Partido Liberal (PL). O conteúdo mostra indícios de que Mauro Cid contou ao general informações sobre o que havia dito na delação premiada.

De acordo com a PF, o documento mostra "várias respostas dadas em primeira pessoa, sobre o teor da colaboração premiada de Mauro Cid" e "parece anotar expressamente respostas dadas pelo colaborador sobre quem o mesmo teria citado durante as investigações da Polícia Federal".

"Em pastas de documentos, que estavam sobre a mesa do coronel Peregrino, foi encontrado um documento que descreve perguntas e respostas relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado por Mauro Cid com a Polícia Federal. O conteúdo indica se tratar de respostas dadas por Mauro Cid a questionamentos feitos por alguém, possivelmente do grupo investigado, que aparenta preocupação sobre

temas identificados pela Polícia Federal relacionados à tentativa de golpe de Estado", diz trecho do relatório.

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Entre as perguntas encontradas pela PF, está o questionamento da existência de uma "minuta golpista física", chamada de "minuta do 142", à qual a pessoa responde: "Eles sabem de coisas que não estavam em lugar nenhum (e-mail, celular, etc.)". Em seguida, é perguntado sobre "Filipe Martins", e a resposta é: "Sabem dele por outros meios".

Outro trecho do papel encontrado na mesa de Peregrino tem a frase "outras informações", com o adendo de "não falou nada sobre os generais Heleno e BN [Braga Netto]". 

"O contexto do documento é grave e revela que, possivelmente, foram feitas perguntas a MAURO CID sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial, as quais foram

respondidas pelo próprio", completa a PF.

Uma conversa entre o general Mario Fernandes e o coronel Jorge Kormann, em setembro de 2023, destaca que "os pais de Mauro Cid ligaram para os generais Braga Netto e Augusto Heleno informando que 'é tudo mentira', possivelmente sobre as matérias divulgadas pela imprensa sobre o acordo de colaboração".

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O acordo de colaboração premiada firmado entre Mauro Cid e o ministro Alexandre de Moraes ocorreu apenas três dias antes do diálogo acima.

Fonte: Redação Terra
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