Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), os policiais legislativos do Senado afirmaram que os participantes envolvidos nos atos de 8 de janeiro confessaram que o objetivo daquela ação era a tomada do poder.
Durante a oitiva, os agentes também manifestaram a convicção de que uma parte do grupo atuou de maneira premeditada e coordenada.
"Em regra, a queixa era essa. Motivo da manifestação era o fato da eleição do presidente, para mostrar que queriam tomar as sedes do Poder. Entrei no plenário do Senado e, na medida que entravam, dava para perceber que alguns comemoravam: 'O Congresso é nosso. O povo venceu'. Gravavam vídeos", disse o policial Everaldo Moreira, um dos agentes que prestaram esclarecimentos no Supremo.
"Chamou atenção o grau de aparelhamento dos manifestantes", completou Moreira.
Os policiais legislativos foram convocados como testemunhas de acusação após serem indicados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Eles prestaram depoimento nas ações judiciais contra os réus suspeitos de executarem, planejarem ou incitarem os atos antidemocráticos.
Detalhes do depoimento
Segundo o relato do policial legislativo Caio César Grillo, um dos invasores que ocupou a cadeira da Presidência no plenário do Senado anunciou aos parlamentares que "tinha acabado" para eles.
"Me chamou atenção o grau de descompasso. Um manifestante sentou na cadeira de presidente, e virou pra mim e falou: 'Agora acabou, né... Os deputados senadores caiu todo mundo'", contou o policial.
"Depois entendi. Ele explicou que, ao sentar na cadeira do presidente, acabou o Poder Legislativo, passaria ao domínio do povo. Ele achava que ao invadir o prédio haveria vitória do lado deles. Eles acreditavam que, bastava sentar na cadeira do presidente, e estariam adquirindo os Poderes da República nas mãos", completou.