Um dos policiais militares envolvidos no caso de agressão contra uma apoiadora de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em São Vicente, litoral de São Paulo, tentou intimidar o irmão da vítima para que ela não prosseguisse com a denúncia. De acordo com o advogado de Hélida Duarte de Almeida, Rui Eliseu, o agente afirmou que "irá até as últimas consequências", caso ela mantenha a queixa.
O caso ocorreu na madrugada do último dia 1º, logo após a comemoração pelo resultado das eleições, no bairro Gonzaga, em Santos. A comerciante foi abordada pelos policiais ainda na cidade, mas foi liberada. Pouco mais de 600 metros à frente, já em São Vicente, ela foi novamente abordada pela equipe.
"O policial pediu para eu sair do carro. Quando eu saí, estava cheia de adesivos do Lula na blusa. Quando ele viu, começou a gritar: 'vagabunda, vadia, petista tem que morrer'", relata.
Na ocasião, ela levou uma coronhada na cabeça, além de chutes na perna. Hélida foi levada até a delegacia, mas ficou confinada na viatura por mais de três horas.
O Terra teve acesso ao documento protocolado pelo advogado, nesta segunda-feira, 7, ao Ministério Público de São Vicente. Na denúncia apresentada ao MP, o advogado enfatiza que os policiais não permitiram que ela fosse ao banheiro enquanto estava na viatura, mesmo pedindo várias vezes.
"A senhora tem problema de bexiga? Nós estamos aqui de pé e aguentamos, por que você não pode aguentar também?", teria dito um dos agentes. "Mija ai mesmo, petista porca. Petista é tudo porco, tem que ficar na imundície mesmo".
Após a veiculação do caso, tanto nas redes sociais, quanto na mídia, um dos PMs procurou o irmão da vítima, segundo Elizeu, para tentar intimidá-la a não prosseguir com a denúncia contra ele.
"O fato de ele ter procurado a família é muito grave. Depois de tudo que aconteceu, ela ficou ainda mais constrangida e intimidada", afirmou à reportagem o advogado.
O documento apresentado por Eliseu aponta que o policial afirmou ao familiar de Hélida que "irá até as últimas consequências", caso ela mantenha sua denúncia. "Ela não está nem saindo de casa. Ela está apavorada", acrescentou a defesa da mulher.
O advogado pede uma medida protetiva para a comerciante, para que o agente e os outros envolvidos não possam se aproximar dela, além da requisição de que a Delegacia Seccional de Praia Grande, responsável pelo DP de São Vicente, instaure um inquérito para apurar os fatos. O Terra pediu esclarecimentos à Polícia Militar, mas até a última atualização não obteve retorno. O espaço segue aberto.