A executiva estadual do Partido dos Trabalhadores (PT-RJ) aprovou na manhã desta sexta-feira, em convenção no diretório do partido, no centro do Rio de Janeiro, o apoio a candidatura do deputado federal Romário (PSB-RJ) ao pleito de senador nas eleições de outubro. Desta forma, os petistas garantem um aumento de cerca de um minuto e trinta segundos da TV, e somam no total cerca de cinco minutos e trinta segundos.
"Muita gente trabalhou contra a nossa candidatura. Dizíamos que nós estávamos isolados. Fizemos alianças com PV, PC do B e nessa reta final a nossa candidatura fez um gol de bicicleta no último minuto (coligação com o PSB)", comemorou o senador Lindbergh Farias, o grande beneficiado desta coligação que deve ter ainda o Pros em sua formação - desta forma, consolida-se a desistência da candidatura do deputado federal Miro Teixeira (Pros-RJ), anunciada ontem, para governador.
Com esta aliança, que, de acordo com as palavras de Lindbergh, será oficializada na tarde desta sexta-feira, em visita do próprio candidato a sede do PSB, também no centro do Rio de Janeiro, o senador apoiará um candidato que, teoricamente, faz oposição à chapa nacional da presidente da República, Dilma Rousseff, que tentará a reeleição.
"Não tem problema. Essa é uma frente do Rio de Janeiro. Romário já era candidato. Ele faz campanha para o Eduardo (Campos), eu para a Dilma (Rousseff). A gente decidiu unir esforços no Rio de Janeiro", explicou o candidato ao governo. Dilma terá ainda outros três palanques no Rio na busca pela reeleição: os candidatos Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Luiz Fernando Pezão (PMDB) também apóiam sua reeleição.
"Isso não é problema. Recebi foi muitas ligações de parabéns nesta reta final e isso altera muito o jogo eleitoral no Rio de Janeiro", afirmou. Presidente do diretório estadual do PT e prefeito de Maricá, Washington Quaquá ainda aproveitou a oportunidade para alfinetar o ex-governador Sérgio Cabral - no final do ano passado, o PT deixou o governo do PMDB no Estado para anunciar candidatura própria. "Estamos vindo para derrubar o Cabral, ele é o nosso adversário", disse Quaquá. Cabral já teve sua candidatura ao Senado oficializada pelo PMDB.
Cenário delicado para Dilma
A campanha própria de Lindbergh Farias ao governo do Estado criou uma "saia justa" para a presidente da República Dilma Rousseff. Muito embora conte com quatro palanques, Dilma viu uma ala dissidente do PMDB criar um movimento que já vem sendo chamado de "Aézão". Ou seja, de apoio ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) na corrida presidencial. Ele é o principal adversário da petista junto com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Bancada pelo ex-presidente Lula, a candidatura de Lindbergh Farias ao Estado desagradou as principais lideranças dos peemedebistas no Rio: o ex-governador Sérgio Cabral, o prefeito Eduardo Paes e o presidente regional do partido, Jorge Picciani, articulador do movimento de apoio ao senador tucano.
Muito embora oficialmente as aparências se mantenham, como ocorreu pouco antes do início da Copa do Mundo, quando Dilma inaugurou ao lado de Cabral e Paes mais um trecho do BRT, a linha expressa de ônibus chamada de Transcarioca (aeroporto do Galeão-Barra da Tijuca), internamente existe este claro desconforto. A expectativa de Lindbergh neste caso está toda depositada no apoio de Lula. "Ele entrará na campanha no momento certo", declarou o senador e agora, oficialmente, candidato a governador.