Pré-candidatos criticam acordo de Alckmin com o Centrão

Aliança que dá o maior tempo de TV ao tucano foi reprovada pela maior parte dos presidenciáveis

21 jul 2018 - 18h29
(atualizado às 19h47)

Um dia após o acordo entre o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) e o Centrão, bloco composto por DEM, PP, PR, PRB e SD, pré-candidatos usaram as redes sociais para condenarem a aliança que dá ao tucano o maior tempo de TV nas eleições 2018. Juntos, as siglas do Centrão somam 164 deputados e agregam quase cinco minutos por dia no horário eleitoral - que começa em 31 de agosto.

O acordo entre o "Centrão" e o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, deve dar ao tucano mais tempo de TV nas eleições deste ano
O acordo entre o "Centrão" e o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, deve dar ao tucano mais tempo de TV nas eleições deste ano
Foto: Reuters

O senador Alvaro Dias, presidenciável pelo Podemos e cogitado como vice na chapa de Geraldo Alckmin em diversas ocasiões ao longo da pré-campanha, afirmou que não estava arrependido da decisão, conforme disseram lideranças partidárias ao site BR18.

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Ao Estado, Dias afirmou no sábado que o presidencialismo de coalizão fracassou no Brasil e vive uma crise sem precedentes. "Não creio que a solução seja esse amontoado de siglas em nome de tempo de TV que, muitas vezes, é para dar explicações das próprias incoerências mais do que apresentar propostas que dizem respeito ao interesse nacional", afirmou. "Essa coalizão de siglas é a fotografia do sistema fracassado que devemos substituir, um monstro que tem de ser combatido", disse.

Pré-candidato do Podemos à Presidência da República, senador Alvaro Dias, disse que a propaganda eleitoral gratuita na TV, muitas vezes para os partidos, serve apenas para dar explicações do que para fazer propostas
Foto: Adriano Machado / Reuters

Em evento com militares no Rio, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) foi irônico ao falar sobre o acordo. "Quero parabenizar o Alckmin. Ele reuniu a nata de tudo que não presta no Brasil ao lado dele", afirmou.

Guilherme Boulos, oficializado pelo PSOL na tarde de sábado como candidato do partido à Presidência, afirmou que o Centrão é a soma de partidos "sem nenhum projeto político". "Se unem nos negócios, no balcão que troca apoio parlamentar por cargos. Ninguém que se aliar com eles poderá oferecer algo novo ao País", escreveu no Twitter.

Sem falar diretamente sobre o acordo selado, Marina Silva publicou um vídeo na quinta em suas redes sociais dizendo que sua campanha não faria alianças "oportunistas" nem "eleitoreiras". "Nosso compromisso é com os 200 milhões de brasileiros", afirmou.

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Marina Silva, pré-candidata à presidência pela Rede, disse que sua campanha não será focada em fazer alianças "eleitoreiras" e "oportunistas"
Foto: Adriano Machado / Reuters

Pré-candidato do Novo, o empresário João Amoêdo publicou um vídeo no Instagram afirmando que não há nenhuma novidade no acordo entre o tucano e o Centrão. "Temer, Alckmin, é tudo igual, é a velha política. Em troca de alguns minutos do horário eleitoral, Alckmin se alia a ex-presidiários como o Valdemar da Costa Neto e o Roberto Jefferson (ambos condenados no mensalão)", afirma.

Em seguida, Amoêdo disse que a aliança favorece quem busca "mordomias" como jatinhos, assessores e negociatas. Por fim, pede que a população desligue a televisão durante o eleitoral e faça a renovação nas urnas.

O PDT de Ciro Gomes esteve bem próximo de consolidar o acordo com o Centrão mas, quando o grupo "mudou de lado", adotou outro discurso. O presidente da sigla, Carlos Lupi, ao ser questionado se não tiraram o doce da boca da criança, respondeu que "o doce poderia estar estragado". Agora, Ciro mantém as negociações com PSB e PCdoB e tenta buscar aliados na esquerda.

Entenda o acordo

As negociações entre o Centrão e os pré-candidatos duraram semanas e estiveram muito próximas de um desfecho diferente. Em um momento, o contexto levava a crer que os partidos apoiariam Ciro Gomes. Segundo apurou o Estado, declarações de Ciro como o xingamento contra uma promotora e a injúria racial contra o vereador paulistano Fernando Holiday, do DEM, teriam pesado contra o pedetista. O discurso econômico, diferente do que defende boa parte dos liberais do Centrão, também teria sido desfavorável ao pré-candidato.

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O pré-candidato pelo PDT, Ciro Gomes, esteve muito perto de fechar acordo com o Centrão
Foto: Reuters

O bloco dos cinco partidos ofereceu Josué Gomes (PR), filho do ex-vice-presidente José de Alencar, como vice na chapa de Geraldo Alckmin, além de ter exigido a recondução de Rodrigo Maia, do DEM, à presidência da Câmara dos Deputados, caso o deputado e Alckmin sejam eleitos. O acordo deve ser anunciado oficialmente apenas na quinta-feira, 26.

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