Na cidade de Zé Doca, no Maranhão, a prefeita Flavinha Cunha (PL) anunciou a substituição do carnaval tradicional por um evento gospel, com investimento de mais de R$ 600 mil em cachês para artistas religiosos. A decisão gerou uma onda de críticas nas redes sociais.
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Conforme publicado no Diário Oficial do Município, o "1º Zé Doca com Cristo" terá cinco shows musicais entre os dias 1º e 4 de março. A prefeita anunciou a mudança em um vídeo divulgado no perfil oficial da prefeitura no dia 19, no qual aparece ao lado do deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL).
“O engraçado, prefeita, é que esse ano nós não teremos o carnaval tradicional em Zé Doca”, disse Maranhãozinho. "Serão quatro dias de muito louvor e adoração a Deus", acrescentou a prefeita em seguida. Veja o anúncio abaixo:
A prefeita justificou a mudança afirmando que se trata de uma "inovação para agradar toda a população". Nas redes sociais, ela informou que, com o cancelamento da folia na data tradicional, o carnaval foi antecipado e será realizado no "Zé Doca Folia", nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro.
Para a festa antecipada, foram contratados três artistas: Solange Almeida, com cachê de R$ 250 mil, Iguinho e Lulinha, por R$ 300 mil, e Chiclete com Banana, que também receberá o valor de R$ 300 mil. A prefeitura investirá um total de R$ 850 mil no evento.
Já no evento gospel, a cantora Maria Marçal será a atração mais bem paga, com cachê de R$ 210 mil. O evento religioso também contará com outras apresentações, como Banda Morada (R$ 170 mil), Gerson Rufino (R$ 90 mil), 3 Palavrinhas (R$ 75 mil) e Kleber Nascimento (R$ 60 mil).
Enquanto houve pessoas que apoiaram a mudança e elogiaram o evento religioso, muitas criticaram a decisão da prefeitura. "Prefeita, carnaval é cultura, é história, é tradição", comentou um internauta. "Vai ter músicas de todas as religiões?", questionou outro. Um terceiro morador da cidade afirmou: "Agradar a toda a população? A religião é escolha individual e ninguém pode impor para o coletivo suas convicções religiosas. O povo é livre e o dinheiro público vem do povo e para o povo. Isso é um absurdo!".
O Terra entrou em contato com a prefeitura de Zé Doca, mas não recebeu resposta até o momento. O espaço segue aberto para manifestações.
Em nota, o Ministério Público de Maranhão informou que ainda não há procedimento aberto, mas vai apurar o caso.