O vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, está trabalhando nos bastidores para se tornar o sucessor de Augusto Aras no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). O mandato de Aras terminou em 26 de setembro, e, agora, caberá a Lula escolher o próximo Procurador-Geral da República.
Apesar do apoio de figuras importantes, incluindo os ministros do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, Gonet enfrenta resistência dentro do PT, especialmente por parte da presidente da legenda, Gleisi Hoffmann (PT-PR). Certos setores do partido preferem Antônio Carlos Bigonha para ocupar o cargo.
O motivo do descontentamento com o atual vice-procurador eleitoral remonta ao ano de 2016. Na ocasião, Gonet fez uma sustentação oral perante a Segunda Turma do STF em favor da abertura de uma ação penal contra Gleisi Hoffmann e seu ex-marido Paulo Bernardo, que ocupou cargos ministeriais em governos do PT por quase uma década.
Gonet defendeu o recebimento da denúncia contra os dois no âmbito da Lava Jato. "A denúncia descreve fatos. A denúncia é rica em pormenores do que o procurador-geral da República imputa aos denunciados. Ela está confortada em elementos de convicção suficientes para que a denúncia seja recebida", disse.
Por decisão unânime, o colegiado optou por torná-los réus. Em 2018, ambos foram inocentados pela mesma turma.
O advogado de Gleisi no processo, Rodrigo Mudrovitsch, nega qualquer descontentamento com a atuação de Gonet naquela época. "Fui o advogado do caso. Em nenhum momento a defesa se incomodou com a sustentação oral realizada pelo doutor Paulo Gonet no momento do recebimento da denúncia. Foi uma atuação técnica em um momento inicial do processo", disse à Folha.