Print que implica Carlos Bolsonaro traz data em que Ramagem já estava fora da Abin, diz jornal

A PF usou uma troca de mensagens entre uma assessora do vereador do RJ e o ex-diretor da Abin para embasar as investigações

30 jan 2024 - 16h08
(atualizado às 16h21)
Vereador Carlos Bolsonaro
Vereador Carlos Bolsonaro
Foto: Reuters/Adriano Machado

A conversa usada pela Polícia Federal para embasar o pedido para que Carlos Bolsonaro fosse alvo de busca e apreensão, na operação que investiga uma possível estrutura paralela na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), data de um período em que Alexandre Ramagem já não estava mais à frente do órgão.

No print, é possível ver que a mensagem enviada por Luciana Almeida, assessora de Carlos, pedindo ajuda a Ramagem, é de uma terça-feira, 11 de outubro. Não há, porém, o ano em que a mensagem foi enviada. Mas, segundo foi analisado pelo jornal Folha de S. Paulo, nos últimos sete anos, o dia 11 de outubro só caiu em uma terça-feira em 2022.

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Isso significa que, na data da mensagem, Ramagem já não era mais diretor-geral da Abin há seis meses, pois ele deixou o cargo para disputar a eleição a deputado federal.

Ao jornal, investigadores da PF afirmam que a peça policial não cita Ramagem como "então diretor-geral da Abin", mas que o trata apenas como "delegado Alexandre Ramagem". Eles dizem ainda que o fato de Ramagem não estar no comando do órgão no momento da troca de mensagens em nada muda a suspeita de que ele tenha repassado informações sigilosas à família Bolsonaro.

Mensagem enviada por assessora de Carlos Bolsonaro a Ramagem
Foto: Reprodução/PGR

A decisão assinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no entanto, usa o termo "então diretor-geral da Abin" para se referir à troca de mensagens. Da mesma forma, a Procuradoria-Geral da República (PGR), no parecer em que concorda com as medidas requeridas pela PF, também chama Ramagem de "então diretor-geral da Abin".

Envolvimento de Carlos Bolsonaro

Na última quinta-feira, 25, a PF deflagrou a Operação Vigilância Aproximada, um desdobramento da Operação Última Milha, de outubro do ano passado.

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O ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi alvo de busca e apreensão. Segundo a investigação, o parlamentar usou a estrutura do órgão para fazer espionagens ilegais que favoreceriam a família de Bolsonaro.

Conforme a PF, a Abin teria monitorado ilegalmente os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, a ex-deputada Joice Hasselmann e o ex-governador Camilo Santana, do Ceará, hoje ministro da Educação do governo Lula, entre outras pessoas. A investigação aponta que ferramentas e serviços da Abin foram utilizados para monitorar ilegalmente essas autoridades.

Já na segunda-feira, 29, foram realizadas novas buscas e apreensões, dessa vez mirando aliados do  "núcleo político" de Ramagem, incluindo o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).

"Nesta nova etapa, a Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas. Nessas ações eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem, contudo, qualquer controle judicial ou do Ministério Público", informou a PF.

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Quem é Alexandre Ramagem, alvo de operação da PF Quem é Alexandre Ramagem, alvo de operação da PF

Fonte: Redação Terra
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