Prisão de ex-secretário e condenação de candidato a vice testam liderança de Castro no Rio

Governador aparece com 37% das intenções de voto, seguido por Marcelo Freixo, que tem 22%; casos envolvendo aliados, no entanto, viraram pedras no sapato na campanha

12 set 2022 - 19h33

RIO - Líder das pesquisas de intenção de voto no Rio, o governador Cláudio Castro (PL), candidato à reeleição, tem duas pedras no sapato neste fim da campanha. Um deles é seu ex-secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, preso preventivamente sob a acusação de envolvimento com a contravenção. Outro é Washington Reis, ex-prefeito de Duque de Caxias, que renunciou à candidatura a vice-governador na chapa. Reis teve candidatura rejeitada pela Justiça Eleitoral, após o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmar sua condenação por crime ambiental.

Pesquisa Ipec divulgada na semana passada mostrou o governador com 37% das intenções de voto. Marcelo Freixo (PSB) ficou com 22%. O avanço do candidato à reeleição deve-se a diferentes motivos: a campanha de rádio e televisão elogiada por especialistas - que explora o desconhecimento do político para construir a sua imagem - e a postura dúbia do governador, que evita, quando pode, associar seu nome ao do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Castro mantém relação dúbia com o presidente Jair Bolsonaro Foto: André Coelho/EFE

Castro também parece se beneficiar da campanha de Freixo, que enfrenta desafios. Entre eles, está o racha na chapa ao Senado, que tem dois candidatos: André Ceciliano, do PT, e Alessandro Molon, do PSB. Outro é a procura de um posicionamento mais ao centro, que alguns críticos apontam como excessivo e pouco convincente. E Freixo se apresenta como candidato a governador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um Estado rachado entre direita e esquerda.

Ao mesmo tempo em que exalta o petista e se apresenta como antibolsonarista, Freixo, com sua guinada "moderada", tenta flertar com o eleitorado mais conservador. Trocou o PSOL pelo PSB, escolheu o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (PSDB) como vice e tem dado declarações contra pautas que antes defendia. Uma delas foi sobre a descriminalização das drogas, que não é da alçada de legislação estadual. A postura contraditória tem limitado os efeitos da estratégia.

Para o cientista político Marcus Ianoni, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Castro terá como desafio explicar os casos envolvendo Reis e Turnowski, enquanto Freixo buscará uma associação ainda maior com o ex-presidente Lula, líder na disputa ao Planalto.

"As pesquisas desta semana devem balizar o restante da campanha. Vamos ver o efeito de Reis e Turnowski na campanha do governador, enquanto Freixo espera que a associação dele ao ex-presidente Lula renda votos. Castro não quer se chocar com Bolsonaro ou Lula. Já o Freixo precisa do petista para crescer", diz.

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A professora de Ciência Política Maria do Socorro Braga, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), diz que Castro dispõe da popularidade obtida com a venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). Também aponta a postura do governador, que não mostra apoio de Bolsonaro - embora divida palanque com o presidente - e busca votos de eleitores de Lula.

"Castro tem a máquina e ganhou capilaridade pelo Estado com as promessas dos recursos da privatização da Cedae. Além disso, faz um jogo duplo com acenos ao presidente Jair Bolsonaro e sem críticas diretas ao ex-presidente Lula", diz.

Advertência

A coligação de Freixo foi advertida pelo TRE do Rio por uso excessivo da imagem do petista nas propagandas de rádio e TV. O desembargador eleitoral Gerardo Carnevale Ney da Silva ordenou ao candidato do PSB que reduza a participação de Lula na sua campanha. O limite a ser respeitado deverá ser o teto estabelecido em lei.

Em nota, a Coligação A Vida Vai Melhorar, de Freixo, afirmou: "A participação do Lula na peça de campanha já havia sido ajustada em 25% do tempo antes mesmo da decisão do TRE.

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