A diretoria nacional do PSB elegeu, nesta segunda-feira, seu novo presidente, Carlos Siqueira, e a nova Executiva Nacional, cinco dias após a legenda declarar apoio ao presidenciável do PSDB, Aécio Neves. O presidente interino da legenda, Roberto Amaral, que declarou apoio publicamente a Dilma Rousseff (PT), ficou de fora da nova cúpula.
O novo presidente do PSB foi coordenador da campanha de Eduardo Campos e rompeu com a candidata Marina Silva logo no início de sua trajetória como candidata à Presidência. A eleição ocorreu exatamente dois meses após o acidente aéreo que matou o ex-governador de Pernambuco e provocou uma reviravolta no cenário eleitoral.
Roberto Amaral chegou a tentar marcar a escolha do sucessor às vésperas do primeiro turno, provocando tensão dentro do partido que nutria esperanças de disputar a presidência contra Dilma. O evento, no entanto, acabou adiado para esta segunda-feira diante da pressão de filiados.
Isolado, Amaral não compareceu ao evento para a escolha da cúpula. Integrantes da cúpula do partido reclamaram da carta divulgada pelo colega de partido, por contrariar uma decisão da Executiva Nacional. Na última quarta-feira, 21 integrantes da Executiva foram favoráveis ao apoio ao tucano, sete votaram pela neutralidade e um foi contra, o senador João Capiberibe (AP). Ele continuará como vice-presidente do partido.
“Para ser presidente, tem que respeitar as decisões majoritárias. (...) O presidente não gostou do resultado, pegou a bola e foi embora?”, questionou o deputado Beto Albuquerque, que foi vice da chapa de Marina Silva.
O deputada Luiza Erundina (SP), que também criticou o apoio a Aécio e votou pela neutralidade, não fará mais parte da Executiva Nacional. A primeira-vice presidência ficou com o governador eleito de Pernambuco, Paulo Câmara, e deputado Beto Albuquerque será segundo-vice-presidente de Relações Governamentais.
O novo presidente, que toma posse em dezembro, disse que ninguém foi impedido de integrar a cúpula pelas manifestações sobre a aliança de segundo turno. Segundo ele, Erundina foi procurada para participar da Executiva, mas declinou o convite.
Apesar de ter rompido com Marina Silva durante a campanha, Siqueira disse ter telefonado para a ex-candidata na semana passada. "Houve um desentendimento, mas eu disse para a Marina que ela não teria nenhuma dificuldade de permanecer no PSB", disse.
Governo ou oposição
Siqueira negou que o PSB esteja negociando cargos para apoiar um eventual governo de Aécio Neves, embora tenha deixado claro que a tendência é integrar a base governista num possível governo tucano. O presidente interino, Roberto Amaral, disse, em sua carta aberta, que integrantes do partido já escolhiam postos para ocupar no Executivo.
"É uma abosoluta impropriedade dizer que o partido está tratando com Aécio Neves sobre cargos. Temos por hábito fazer aliança programatica, aliança em torno de ideias e compromissos", rebateu Siqueira.
O novo presidente disse que seria natural ao PSB dar apoio no Congresso ao governo do tucano, caso saia eleito. Caso Dilma vença, a legenda continuará na oposição. "Me parece natural que quando você apoia na eleição, apoia como base parlamentar", afirmou.