Líderes do PSDB se reuniram em entrevista coletiva nesta terça-feira, em Brasília, para acusar o governo federal, comandado pelo PT, de interferir nas negociações do suposto cartel formado por empresas na construção e manutenção de linhas do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em São Paulo. Os tucanos anunciaram que moverão ações contra as acusações, pediram o afastamento do ministro da Justiça José Eduardo Cardozo das investigações, e acusaram o PT de estar reeditando o “escândalo dos Aloprados” - dossiê supostamente encomendado por petistas contra o então candidato à Presidência José Serra.
Participaram da entrevista o presidente nacional do PSDB e provável candidato do partido à Presidência em 2014, o senador Aécio Neves (MG), os líderes da legenda no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), e na Câmara, Carlos Sampaio (SP), os deputados federais Bruno Araújo (PE), Antonio Imbassahy (BA), Marquezan Junior (RS), Vanderley Macris (SP), além do presidente do partido em São Paulo, deputado federal Duarte Nogueira, e os secretários estaduais paulistas, José Aníbal e Edson Aparecido.
“O dossiê dos Aloprados, que aqui, o episódio da Siemens nos remete a um episódio muito parecido, que eu definiria como ‘Aloprados 2’, com uma diferença que em relação ao dossiê (dos Aloprados) foram presos aquele que foi o tesoureiro do PT e aquele que se intitulava o advogado do PT, o Gedimar (Passos) e o Valdebran (Padilha)”, disse Carlos Sampaio.
Segundo Sampaio e Aloysio Nunes, Cardozo precisa ser afastado imediatamente das investigações. Para o líder tucano no Senado, o ministro atrapalha o andamento das investigações e conduz o processo “com falta de decoro e seriedade”.
Os dois líderes do PSDB no Congresso citaram durante a coletiva outros dossiês que, segundo eles, foram montados por petistas, como o das Ilhas Cayman e da Lista de Furnas.
Sampaio disse que o PSDB encaminhou representações para que Cardozo e o presidente do Conselho Administrativo do Conselho Econômico (Cade), Vinícius Carvalho, prestem esclarecimentos públicos sobre as denúncias.
O líder tucano na Câmara afirmou ainda que o PT tradicionalmente “forja dossiês”. “Se uma pessoa séria recebe um documento desses, chama os assessores e rasga o documento”, disse o deputado tucano. “Foi conversa de companheiros de partido na casa dele. Houve uma sucessão de desmentidos e de posturas.”
Tucanos rebatem acusações
As declarações dos tucanos ocorrem após a divulgação de um suposto depoimento do ex-diretor da Siemens, Everton Rheinheimer, que teria apontado a ligação de seis membros do PSDB e partidos da base do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) com o esquema.
No depoimento - posteriormente negado pelo próprio executivo -, Aloysio Nunes, os secretários estaduais Jurandir Fernandes (Transportes Metropolitanos), Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Econômico), José Aníbal (Energia) e Edson Aparecido (Casa Civil), além do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), são apontados como beneficiários do esquema.
Hoje, Aparecido disse que houve “adulteração” dos documentos envolvendo os tucanos nas investigações sobre o cartel e que processará coletiva e individualmente cada um que o acusa. Segundo o secretário de Alckmin, na tradução feita pelo deputado estadual paulista Simão Pedro (PT) - apontado como o responsável por levar a denúncia ao Ministério da Justiça - foram introduzidos quatro parágrafos, sobretudo, referências ao PSDB. “Houve uma clara adulteração de documentos”, disse o tucano.
Aníbal disse ter tido acesso ao depoimento de Rheinheimer, e também afirmou que houve manipulação na tradução dos documentos do inglês para o português. “Nós tivemos acesso ontem às delações premiadas do senhor Éverton ao Ministério Público de São Paulo e à Polícia Federal. Em nenhum momento há qualquer menção, na delação premiada dele, a políticos do PSDB. Nenhuma menção”, disse o secretário. “(Cardozo) deixou de ter a postura do magistrado, do ministro que tem preferência sobre todos os demais, que é o ministro da Justiça, e passou a agir como um operador do submundo, que o PT faz com muita frequência.”
Aníbal acusou Cardozo de usar politicamente contra os adversários políticos as investigações, “(Tudo isso tem o objetivo) para tentar aquilo que é o cerne da ação petista, que é a alucinada com relação ao poder, que é jogar lama, jogar mentira, jogar podridão em cima dos adversários”, disse. Ou a presidente (Dilma Rousseff) demite o ministro, ou ela é cúmplice desse ‘Dossiê Aloprado 2’, como disse aqui o deputado Carlos Sampaio.”