Protagonista da política brasileira ao lado do PT desde sua fundação, o PSDB deve definir nesse domingo, 21, seu candidato à Presidência da República na eleição do ano que vem, ao mesmo tempo que busca retomar a posição de destaque perdida após o pífio desempenho eleitoral no pleito nacional de 2018.
Vencedor duas vezes da disputa pelo Palácio do Planalto com Fernando Henrique Cardoso em 1994 e 1998, ambas sem necessidade de segundo turno, o partido manteve a polarização com o PT em 2002, 2006, 2010 e 2014, com quatro derrotas seguidas, mas teve com Geraldo Alckmin seu pior desempenho em uma disputa nacional em 2018, um distante quarto lugar com parcos 4,76% dos votos válidos.
Após três anos marcados também pela perda de protagonismo no Congresso - uma ala da bancada inclina-se ao governo do presidente Jair Bolsonaro e outra à oposição - o partido escolherá entre os governadores de São Paulo, João Doria, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, além do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio, que corre por fora, o nome para representá-lo no pleito do ano que vem.
A votação será feita presencialmente em Brasília, mas majoritariamente por um aplicativo de celular, o que em diferentes momentos da disputa gerou polêmica entre as campanhas de Doria e Leite. Ora os aliados do paulista receosos com a tecnologia, ora os do gaúcho.
Embora o discurso dos três candidatos seja o de que as prévias mobilizam o partido e energizam a militância, apenas 44.700 dos cerca de 1,3 milhão de filiados tucanos cadastraram-se para votar na consulta interna, que terá uma intrincada fórmula de disputa.
O eleitorado será dividido em quatro grupos com peso de 25% cada. O primeiro será formado por filiados sem mandato, o segundo por prefeitos e vice-prefeitos, o terceiro por parlamentares municipais, estaduais e distritais - com peso de 50% para vereadores e 50% para os demais, enquanto o quarto terá deputados federais, senadores, governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente do partido, Bruno Araújo.
O vencedor será aquele que conseguir a maioria absoluta dos votos. Caso nenhum dos três postulantes alcance essa marca haverá um segundo turno a ser disputado no domingo seguinte, dia 28 de novembro.
A escolha feita nas prévias precisará ser confirmada na convenção do PSDB no ano que vem. Há integrantes do partido que defendem que a sigla não tenha candidato próprio, para se concentrar na formação da bancada federal, e que não descarta uma composição na vice de outro nome da chamada terceira via.
Entretanto, é improvável que Doria aceite abrir mão da candidatura caso vença as prévias e Leite já afirmou que descarta ser candidato a vice. Uma vitória de Virgílio nas prévias é vista como altamente improvável.
Qualquer que seja o vencedor das prévias tucanas no domingo, no entanto, caberá ao escolhido o desafio de deslanchar nas pesquisas de intenção de voto para o pleito do ano que vem. Tanto Doria quanto Leite patinam numa intenção de voto de um dígito, sem chegar a 5% nos cenários testados.
Pesquisa Genial/Quaest, feita neste mês e que incluiu o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, recentemente filiado ao Podemos, mostra Doria com 2% da preferência do eleitorado em um cenário, enquanto Leite chega a 1% no outro.
Ao mesmo tempo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 48% no cenário com Doria e 47% naquele com Leite, Bolsonaro soma 21% em ambos, Moro aparece com 8% nos dois quadros e Ciro Gomes, do PDT, fica com 6% na simulação com Doria e com 7% na que aparece Leite.