As bancadas do PSDB, PPS e Psol na Câmara dos Deputados anunciaram nesta quinta-feira que não utilizarão a verba de passagens aéreas para transportar cônjuges. A medida foi aprovada ontem pela mesa diretora da Casa, entre outros reajustes que beneficiam parlamentares.
A utilização da cota de passagens por mulheres de deputados foi uma das promessas de campanha de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) quando concorria à presidência da Câmara. Segundo ele, o benefício será restrito para casamentos e uniões estáveis, sem aumentar os gastos da Casa.
"Não tem esse negócio de namorada, não existe isso. Apenas o destino estado-Brasília, do cônjuge, mais nada", disse Cunha, que abriu mão do benefício. “"Eu garanto a você que 80% dos parlamentares não vão usar. Eu mesmo não vou usar”, acrescentou.
O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), disse que entrará com um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a medida. “É inaceitável que, num momento em que a sociedade é penalizada com o aumento de impostos e alta nos preços, conceda-se esse privilégio aos parlamentares. É um total desrespeito com os brasileiros”, disse.
Para o líder do Psol, Chico Alencar (RJ), a decisão da mesa diretora é um retrocesso depois das mudanças nas regras ocorridas depois do escândalo revelado em 2009 de que parlamentares usavam a cota parlamentar para bancar viagens de parentes e amigos. Na Câmara, circula a piada de que, depois da “farra das passagens”, Cunha estaria tentando acabar com a “farra das amantes” dos deputados, ao facilitar a ida de esposas para Brasília.
“Sinceramente, com a remuneração que a gente tem, e até com as milhagens, os cônjuges ou quem quer que seja das relações dos parlamentares podem viajar”, disse Alencar.