BRASÍLIA - A ala majoritária do PT quer que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros aumentem a frequência de pronunciamentos em rede nacional de TV para defender o governo. A reivindicação está na proposta de resolução política feita pela Construindo um Novo Brasil (CNB), a corrente política de Lula, que deve ser aprovada pelo Diretório Nacional do partido no sábado, 7.
Apesar de a CNB ser a tendência hegemônica do partido, ainda pode haver alterações no texto. Petistas têm a avaliação de que o governo de Lula tem bons programas e obras, mas que não consegue se comunicar com o eleitorado e aumentar sua popularidade.
A ideia seria cortar intermediários e falar diretamente com a população se aproveitando do poder que o Executivo tem de convocar a cadeia nacional de TV. Um exemplo citado como positivo foi o pronunciamento em que o ministro Fernando Haddad (Fazenda) anunciou o pacote fiscal do governo e a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000. As alterações propostas pelo governo na tributação sobre a renda devem ser elogiadas na resolução do partido.
Haddad sofreu uma série de críticas do PT desde 2023, quando Lula voltou à Presidência da República, mas está em alta no partido por causa da ideia de taxar os mais ricos para aumentar as isenções de quem ganha menos.
Outro assunto que provavelmente estará na resolução política do partido é o plano de bolsonaristas, descoberto pela Polícia Federal, para matar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Esse trecho do texto deverá ter palavras fortes, defendendo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As resoluções políticas do partido não têm um efeito imediato sobre o governo, mas indicam o que a legenda defenderá nas semanas, meses ou até anos seguintes. Servem como uma espécie de guia para a militância e para as bancadas petistas. Podem ter influência sobre o governo Lula ao longo do tempo.
No sábado, o partido também pactuará seu calendário eleitoral. O mandato da atual presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, vai até o meio do ano que vem. Deverá ser realizado um processo eleitoral em que os diretórios do partido nos municípios e nos Estados elegem delegados para discutir a escolha da nova direção nacional.
O principal cotado para a presidência do partido é o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva. Ele foi um dos chefes da comunicação da campanha de Lula em 2022 e é da confiança do presidente da República. Também é citado o líder do governo na Câmara, José Guimarães. Ele é do Ceará, um dos Estados onde a legenda é mais poderosa. Nos últimos dias apareceu um novo nome: o do presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto, amigo de Lula há décadas e uma das poucas pessoas capazes de fazê-lo mudar de ideia em discussões.