PT insiste em Lula e ataca Judiciário no programa eleitoral

Barrado pelo TSE, ex-presidente e Haddad protagonizam programa; Bolsonaro fala de família; Marina aposta nas mulheres e Alckmin defende eleição sem 'raiva'

1 set 2018 - 14h35
(atualizado às 14h43)
Haddad fala da frente da sede da Polícia Federal em Curitiba no primeiro vídeo da campanha petista à Presidência da República
Haddad fala da frente da sede da Polícia Federal em Curitiba no primeiro vídeo da campanha petista à Presidência da República
Foto: Reprodução/Campanha do PT / Estadão Conteúdo

Horas depois da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou o registro da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato -, o PT usou o primeiro programa eleitoral na TV das eleições 2018 para fazer críticas ao Judiciário e insistir na postulação do ex-presidente. No palanque eletrônico do partido, Lula dividiu o protagonismo com o candidato a vice na chapa, Fernando Haddad, sem que ficasse indicado claramente quem é o presidenciável petista.

A propaganda da sigla foi aberta com uma mensagem que classificava a decisão do TSE como "mais um duro golpe" contra "a vontade do povo". "A coligação 'O Povo Feliz de Novo' vai entrar com todos os recursos pelo direito de Lula de ser candidato."

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Em uma declaração exibida no programa o ex-presidente também atacou, sem especificar casos, as decisões judiciais. "Sei como vou passar pela história. Não sei como eles vão passar. Se eles vão passar como juízes ou algozes."

Em sessão extraordinária que durou mais de dez horas e terminou na madrugada de ontem, o TSE barrou o registro da candidatura de Lula e deu um prazo de dez dias para a troca da cabeça de chapa. A Corte, porém, autorizou a veiculação do programa presidencial do PT no horário eleitoral, desde que o ex-presidente não apareça como candidato.

Por 5 a 2, os ministros haviam determinado que o partido não veiculasse a propaganda eleitoral até a troca do presidenciável, mas, ao fim da sessão, a Corte Eleitoral, em reunião fechada, reviu a decisão e liberou o horário eleitoral da legenda.

No programa do rádio, veiculado a partir das 7h de ontem, Lula foi apresentado como presidenciável porque após decisão do TSE ocorreu num prazo inferior ao mínimo de seis horas de antecedência para a veiculação.

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Lula foi condenado no ano passado pelo juiz federal Sérgio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá (SP). A sentença foi confirmada, em janeiro deste ano, pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), que ampliou a pena para 12 anos e 1 mês de prisão. Ele foi preso em abril e em agosto o PT registrou a candidatura do ex-presidente no TSE.

Com boa parte das imagens gravadas na frente da sede da Polícia Federal em Curitiba, Haddad disse no programa que fazia "um juramento de lealdade a Lula".

O PT ainda avalia como encaminhar as questões jurídica e eleitoral. Duas reuniões da coordenação da campanha estão marcada para amanhã. Um conselho político será formado para analisar os próximos passos. Ontem, a executiva do partido mandou recolher todos os materiais publicitários que apareciam o ex-presidente Lula - cerca de 1,5 milhão de folhetos foram impressos. Os programas de TV também começaram a ser adaptados.

"Como não há comunicação com ele no fim de semana, não há expediente da PF, temos que conversar com ele na segunda-feira de manhã e vamos levar o quadro jurídico do que é possível fazer", disse ontem Haddad em Garanhuns (PE), terra natal de Lula.

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Na estreia do horário eleitoral, candidatos adotaram estratégias distintas. Líder nas pesquisas de intenção de voto sem a presença de Lula, candidato do PSL, Jair Bolsonaro - com poucos segundos disponíveis - disse apenas estar "rumo à vitória" e defendeu "a família e a Pátria".

Com o maior tempo de exposição - 5,32 minutos - a coligação formada pelos partidos PTB, PP, PR, DEM, SD, PPS, PRB, PSD e PSDB, que tem como candidato o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, fez críticas a Bolsonaro.

O horário eleitoral foi iniciado por Marina Silva (Rede) que, também com tempo de exposição exíguo, exaltou as mulheres. "Juntas somos fortes. Essa luta é nossa", afirmou. Ciro Gomes (PDT) falou em mudança e Henrique Meirelles (MDB) se apresentou citando e mostrando uma imagem de Lula.

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