A Executiva Nacional do PTB aprovou nesta quarta-feira, 18, por unanimidade, a indicação de apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin (PSDB), nas eleições 2018, ampliando arco de alianças do tucano, que já possui o PSD e o PPS em seu palanque. Outro partido que orbita na área de influência de Alckmin, o PV, no entanto, pode optar pela neutralidade na disputa ao Palácio do Planalto. O apoio da sigla já era dado como certo pelos tucanos.
Com 25 deputados federais em sua bancada, o PTB acrescenta 32 segundos ao tempo do presidenciável tucano no horário eleitoral de rádio e TV. Com os partidos já contabilizados até agora, ele já tem pelo menos 20% do tempo de TV em cada de bloco diário de 25 minutos.
A expectativa no PSDB é de que o anúncio impulsione as negociações de Alckmin com outros partidos do Centrão. Nesta quarta-feira, o ex-governador paulista teve conversas reservadas em Brasília com dirigentes do PROS e do PRB.
"O PTB tem bons quadros, bons prefeitos, bons parlamentares", disse o tucano, citando que o PSDB integrará a coligação do senador Armando Monteiro (PTB), pré-candidato ao governo de Pernambuco. "Em nenhum momento ninguém tocou no assunto de espaço governamental. Precisamos trabalhar com as melhores pessoas e é isso que vamos fazer. Todos os partidos têm bons quadros."
A indicação do apoio petebista será homologada na convenção nacional do PTB, marcada para o próximo dia 28, em Brasília. O PSDB marcou sua convenção para o dia 4 de agosto, no limite do prazo oficial.
Após o anúncio do apoio do PTB, Alckmin ignorou o fato de o partido ser alvo da Operação Registro Espúrio, que apura fraudes na concessão de registros sindicais no Ministério do Trabalho, e poupou o aliado de críticas em entrevista a jornalistas no evento em Brasília.
O presidente da legenda, Roberto Jefferson, e sua filha, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), são investigados na Registro Espúrio. Eles negam irregularidades. Nesta quarta-feira, o presidente interino do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, autorizou a deputada a participar da reunião da Executiva Nacional da sigla, no Rio.
PV defende liberação de diretórios para montagem de palanques próprios
Dirigentes regionais do PV ouvidos pelo Estado defenderam a neutralidade da legenda na disputa presidencial e a liberação dos diretórios para a montagem de palanques próprios. O presidente nacional da sigla, José Luiz Penna, foi secretário de Alckmin no governo de São Paulo e vinha declarando simpatia pelo apoio do PV ao tucano.
"Essa pode ser uma posição pessoal (de apoiar Alckmin) dele (Penna). A posição do partido vai ser definida na convenção", disse Reynaldo Nunes, dirigente sergipano do PV. O encontro nacional da legenda está marcado para o dia 28, em Brasília.
Para Osvander Valadão, membro da executiva nacional e mineira do PV, definir um apoio nacional pode prejudicar as alianças estaduais. "Essa estratégia de ficar neutro interessa única e exclusivamente a nós, do PV. Atingir a cláusula de barreira é para a nossa sobrevivência", afirmou.
O principal motivo citado pelos dirigentes locais do partido, que tem oito deputados federais e 10 segundos de tempo de TV, é a "sobrevivência do partido", com a necessidade de eleger deputados federais para ultrapassar a chamada cláusula de barreira neste ano.
A maior resistência a Alckmin vem do Nordeste. Há ainda quem defenda no PV o apoio à pré-candidata da Rede, Marina Silva. É o caso de Eduardo Jorge, candidato à Presidência da sigla em 2014, e do vice-presidente do PV e presidente do diretório do Distrito Federal, Eduardo Brandão.
"O que a gente tem colocado é que, caso o PV venha a decidir liberar os Estados, com certeza o DF vai apoiar a candidatura de Marina. Em Brasília, há uma identidade muito grande com o projeto dela", disse Brandão.
"Existem várias alas dentro do partido. No Norte e no Nordeste estão mais à esquerda. Distrito Federal e alguns outros Estados defendem a Marina. Aqui em São Paulo somos mais próximos do Alckmin", disse Marcos Belizário, presidente do PV em São Paulo.
Costura
O integrantes do Centrão, bloco formado por DEM, PP, Solidariedade e PRB, se reuniriam na noite desta quarta-feira com Valdemar Costa Neto, chefe do PR. O Estado apurou que, após desistir da aliança com Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSL, Costa Neto disse a presidentes de partidos do bloco que está disposto a negociar alianças.
O PR quer que o empresário Josué Gomes da Silva, filiado ao partido, seja candidato a vice-presidente. O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, e Alckmin disputam o apoio do PR, que tem 34 deputados federais e 44 segundos de tempo de TV. / COLABORARAM VERA ROSA, FABIO LEITE, TEO CURY e AMANDA PUPO