'Quando serão condenados os mandantes?', cobra pai de Marielle após sentença contra Lessa e Queiroz

Famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes acompanharam leitura de sentença no Tribunal do Júri no Rio de Janeiro

31 out 2024 - 20h16

RIO - A família da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes celebraram a decisão do Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) em condenar os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz nesta quinta-feira, 31, pela execução do crime. Eles acompanharam a leitura da sentença do plenário do tribunal e cobraram que a Justiça avance na condenação dos mandantes dos homicídios.

"Quem matou Marielle e Anderson foi a primeira pergunta. Hoje, nós tivemos a resposta com a condenação dos réus confessos. Para nós, era de suma importância a condenação deles porque se a Justiça não tivesse condenado esses dois assassinos cruéis, que assassinaram covardemente a nossa filha e o Anderson, nós não teríamos um minuto de sossego. Não acaba aqui porque tem mandantes. Agora, a pergunta que nós vamos fazer é quando serão condenados os mandantes", disse o pai de Marielle Franco, Antônio Francisco da Silva.

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Executores confessos da ex-parlamentar, Lessa e Queiroz estão presos em penitenciárias de São Paulo e Brasília desde março de 2019. Ronnie Lessa foi condenado a 78 anos de prisão e Élcio Queiroz, a 59 anos.

A filha de Marielle, Luyara Santos, de 26 anos, não conteve as lágrimas ao falar sobre a decisão proferida nesta quinta-feira: "Temos muitos passos pela frente".

"Nossa coragem trouxe a gente até aqui. É um dia muito difícil. Tenho certeza que nenhum de nós gostaria de estar aqui hoje. A Ágatha perdeu o Anderson. Eu queria minha mãe aqui, mas com certeza esse dia hoje entra para a história da democracia deste País. Temos muitos passos pela frente ainda", disse.

A viúva de Anderson, Ágatha Arnaus, disse que não perdoa os assassinos de seu marido e "que eles (Lessa e Queiroz) fiquem lá (na prisão) para sempre".

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A irmã de Marielle Franco, a ministra Anielle Franco afirmou que a justiça começou a ser feita.

"Foram muitas noites, dias, anos aí, cuidando dos meus pais, da Luyara e vendo a dor que, como minha mãe disse ontem (quarta), não tem nome. O maior legado da Marielle, que ela deixa para este País, é a prova de que mulheres, pessoas negras, faveladas, quando chegam em seus postos, merecem permanecer vivas. Quando assassinaram a minha irmã, com aqueles tiros na cabeça, eles não imaginavam a força que este País se levantaria, que este mundo se levantaria. Hoje foi um pedaço de uma resposta. A justiça começou a ser feita. Eu repito mais uma vez o que a Luyara, a Mônica, minha mãe e meu pai têm dito nos últimos meses, que a justiça mesmo teria sido se a gente não tivesse aquilo", afirmou.

Ministério Público vai avaliar possível recurso

Em entrevista coletiva ao fim do julgamento, os promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmaram que vão analisar a sentença "porque há uma discrepância de 20 anos entre as condenações de Élcio e Ronnie". O promotor Eduardo Moraes Martins disse que o órgão vai avaliar se vai recorrer da decisão.

"A princípio, vimos uma diferença de 20 anos do Élcio para o Ronnie. Me parece uma discrepância grande, mas vamos ver com calma o que a juíza considerou. Se for o caso, vamos recorrer", afirmou.

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