'Quanto mais tempo passa, mais caro fica aprovar projetos', diz Lula sobre formar base no Congresso

Presidente discursou na primeira reunião do conselho político que reúne partidos aliados do governo

8 fev 2023 - 12h00
(atualizado às 13h10)
'Quanto mais tempo passa, mais caro fica aprovar projetos', diz Lula sobre formar base no Congresso
'Quanto mais tempo passa, mais caro fica aprovar projetos', diz Lula sobre formar base no Congresso
Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Na primeira reunião do Conselho Político da Presidência, formado por políticos de partidos da base do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que "quanto mais tempo passa (para organizar as siglas aliadas), mais caro fica aprovar as coisas" de interesse do Executivo. Na sequência, o petista contemporizou a fala ao dizer que tem certeza de que conseguirá formar a maioria necessária para implementar a agenda da Palácio do Planalto.

"Queremos restabelecer a conversa mais civilizada possível com o Congresso Nacional. Tenho certeza que vamos conseguir uma maioria ampla para fazermos as mudanças que precisamos nesse país", disse Lula.

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Lula pregou aos deputados, senadores e presidentes de partidos presentes no encontro que não quer "desarmonia" entre o Congresso e o Executivo. O petista cobrou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e os líderes do governo no Legislativo para que mantenham interlocução constante com os parlamentares. O Palácio do Planalto ainda sofre com as costuras para manter coeso o grupo de partido que dão sustentação ao governo.

Siglas como União Brasil, PSD e MDB, mesmo com cargos no primeiro escalão da equipe ministerial, não garantem a Lula que darão integralmente os votos das bancadas na Câmara e no Senado em votações de pautas do Executivo.

Durante a transição de governo, Lula também contou com um conselho político formado à época por 14 partidos. Essas siglas, que vão desde o MDB ao Pros, garantem a Lula no máximo 226 votos na Câmara - número insuficiente para aprovar um projeto de lei, que exige 257 votos. Para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que orientam as reformas, são necessário 308 votos dos deputados e outros 49 votos de senadores.

Já o Centrão, que une desde PP e Republicanos a setores de partidos como o próprio MDB, PSD e União Brasil pode alcançar até 252 deputados. As siglas abertamente de oposição ao governo reúnem, até o momento, apenas PL e Novo, com 103 deputados.

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Na fala de abertura do encontro, Lula chamou o conselho político da Presidência de "frente parlamentar de sustentabilidade da democracia" e disse que não há mais motivos, após um mês de governo, para o Planalto não atender as demandas dos deputados e senadores.

"Essa reunião de hoje é o começo de uma nova relação entre o poder executivo e o poder legislativo", disse o presidente. "Nós temos a chance de mostrar ao Brasil que é possível conviver democraticamente na diversidade", prosseguiu.

Lula ainda disse aos líderes partidários que convocou para a próxima semana uma reunião interministerial com os titulares das pastas na área de infraestrutura. No encontro deverão ser definidos os projetos de anúncio da retomada de obras paradas pelo Executivo. O presidente disse que tentará fazer com que os parlamentares se envolvam nos resultados do governo.

"Se a gente conseguir fazer com que todas as obras paradas comecem a funcionar e a gente comece a terminar algumas delas, a gente consegue contribuir para que a economia brasileira não seja o desastre previsto pelo FMI na última avaliação deles", afirmou.

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O presidente viajará nas próximas semanas à Bahia e a Sergipe, onde entregará residências do Minha Casa, Minha Vida e inspecionará as obras na BR-101. Segundo Lula, tantos os parlamentares quanto os governadores e prefeitos dos locais visitados estão convidados a participar das cerimônias de entrega das construções

Antes do início da reunião, o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que o objetivo do encontro entre aliados é alinhar os interesses do governo nas duas casas do Congresso. Há a expectativa de que o ministro da Fazenda, Fenando Haddad (PT), apresente os objetivos da área para dar início à discussão da reforma tributária com os parlamentares.

8 de janeiro

O encontro nesta quarta-feira, 8, coincidiu com o aniversário de um mês da tentativa de golpe organizada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que invadiram as sedes dos Três Poderes. Ao relembrar os ataques que destruíram diversas áreas do Palácio do Planalto, Lula não ter dúvida que o plano de assalto às instituições tenha sido organizado por quem prega o ódio, acusação que os partidos de esquerda direcionam a Bolsonaro.

"Hoje eu não tenho dúvida de que isso foi arquitetado pelo responsável maior de toda a pregação do ódio, a indústria de mentiras, de notícias falsas que aconteceu nesse país nos últimos quatros anos, que não vem de agora, vem desde as eleições de 2018", disse Lula.

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O ministro das Relações Institucionais, por sua vez, disse que foi "foi a política, a institucionalidade e a democracia que estancou uma tentativa de golpe que estava orquestrada neste país".

Lula ainda afirmou que, "em tempos de autoritarismo", o Congresso aprova muitas coisas que depois constata-se não servia "ao propósito pelo qual muita gente votou". O presidente, porém, não especificou quais seriam esses projetos aprovados.

O petista tem travado uma batalha pública com o presidente do Banco Centro, Roberto Campos Netto, em torno da autonomia do autarquia, aprovada pelo Legislativo durante o governo Bolsonaro, e da alta renitente das altas taxas de juros.

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