Queiroga diz que Luana não traria conciliação entre médicos

Ministro da Saúde explicou o motivo de não ter efetivado a nomeação da infectologista

8 jun 2021 - 09h49
(atualizado às 09h53)

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse na manhã desta terça-feira, 8, que seu papel é "conciliar" todas as divergências na questão sanitária da covid-19 para poder focar naquilo que é essencial: vacinar os brasileiros até o fim do ano. Queiroga disse ainda que não efetivou a nomeação da infectologista Luana Araújo para a recém-criada secretaria de combate à covid porque o nome dela não traria "a conciliação entre os médicos" que ele pretende promover. Luana foi anunciada para o cargo, trabalhou por dez dias no ministério, mas sua nomeação não se confirmou.

Ministro de Estado da Saúde, Marcelo Queiroga, chega ao Senado
Ministro de Estado da Saúde, Marcelo Queiroga, chega ao Senado
Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

"Vou à CPI demonstrar o que tenho feito aqui no Ministério da Saúde nesses mais de 60 dias que assumi o cargo, eu tenho a consciência tranquila que tenho trabalhado pelo povo brasileiro para vencer a pandemia da covid-19. O meu papel é de conciliar todos esses ambientes de divergências que há no contexto sanitário para que nós nos foquemos no que é essencial. E o que é essencial? Vacinar a população brasileira. Todas essas outras questões laterais, elas não têm importância. Eu só tenho um objetivo: vacinar os brasileiros até o final do ano. Eu acredito que só assim daremos fim à pandemia", disse Queiroga em entrevista à GloboNews na saída do ministério a caminho do Senado.

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Sobre a não confirmação da médica Luana na sua equipe, Queiroga agora trouxe para si a responsabilidade pela desistência da nomeação. Antes, eles havia dito que faltou convergência política em torno de sua indicação, sugerindo que o Palácio do Planalto havia barrado o nome de Luana, defensora da ampla vacinação e contrária ao chamado tratamento precoce contra a covid-19, com o uso de medicamentos como a cloroquina, como é preconizado pelo presidente da República.

No depoimento prestado à CPI, Luana Araújo afirmou que "qualquer pessoa", independente de cargo ou posição social, que defende métodos sem comprovação científica para o tratamento de doenças, tem "responsabilidade sobre o que acontece depois". A médica também reforçou que a autonomia médica, apesar de fazer parte da prática, "não é licença para experimentação".

"A doutora Luana não foi nomeada. Isso é uma incumbência, uma atribuição do ministro da Saúde, que tem a discricionariedade técnica para escolher a sua equipe. A despeito dela ser uma pessoa muito qualificada, de ter contribuído aqui conosco, ajudando, por exemplo, no protocolo da testagem, nós entendemos que neste momento o nome dela não seria o melhor nome para promover a conciliação entre os médicos que eu quero promover", disse o ministro.

Questionado sobre a declaração anterior de que a falta de convergência política teria impedido a nomeação de Luana, Queiroga disse se referir à política médica e não necessariamente à política partidária. "Nós precisamos arbitrar esse processo com pessoas que tenham uma certa isenção em relação aos temas que são ali discutidos. É obvio que vivemos no presidencialismo, que o presidente é o chefe do Estado e o chefe da Nação, mas eu tenho a confiança do presidente da República para conduzir essa situação sanitária complexa", reforçou.

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Além da polêmica entorno de Luana Araújo e de sua autonomia na pasta da Saúde, Queiroga também deve responder aos senadores sobre a realização da Copa América no País, sobre o ritmo de vacinação e, de novo, sobre a postura do presidente Bolsonaro na pandemia.

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