SÃO PAULO - Com 5,1 milhões de seguidores no Instagram, a biografia de Pablo Marçal no perfil da rede social leva a um grupo de WhatsApp chamado "Generais do Reino", que está na sua edição de número 147. Ele se apresenta como coach, palavra inglesa que significa "treinador", usada para designar pessoas que trabalham com cursos, palestras e treinamentos motivacionais.
Marçal foi alvo nesta quarta-feira, 5, de uma operação da Polícia Federal que o investiga pelos crimes eleitorais de falsidade ideológica, apropriação indébita e lavagem de capitais. Em 2022, ele foi candidato a deputado federal pelo PROS (incorporado ao Solidariedade), mas foi cassado pela Justiça.
A Polícia suspeita que o coach tenha gastado verbas de campanha com serviços das empresas dele. Nos endereços vistoriados por agentes como supostas sedes das empresas do coach, havia apenas duas meses de jogos (sinuca e pingue-pongue), como mostrou o Estadão.
Nas redes sociais, Marçal se define como escritor e investidor. A pretensão mais alta dele é ser presidente da República, o que ele reforçou nas redes sociais nesta quarta. Nas eleições passadas, tentou se candidatar à Presidência pelo PROS, mas o partido cancelou o registro de candidatura do coach para apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Diante do revés, Marçal se tornou cabo eleitoral de Jair Bolsonaro (PL), para quem fez campanha, e disputou o cargo de deputado federal.
O que diz a defesa
O advogado Tassio Renam, que representa Pablo Marçal, afirmou que "nenhum ilícito foi praticado e nenhum centavo de dinheiro público foi utilizado nas campanhas eleitorais" do coach.
Leia a nota na íntegra:
No dia de hoje foram cumpridos alguns mandados de busca e apreensão no endereço residencial do Sr. Pablo Marçal, e também em três de suas empresas. Foram cumpridas diligências ainda na residência de um sócio e também na minha residência por ser seu advogado.
Trata-se de uma investigação judicial eleitoral conduzida pela 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que visa apurar movimentações financeiras ocorridas na época de campanha para Presidente da República e Deputado Federal.
Cumpre esclarecer que, em nenhuma das campanhas, foram utilizados recursos de origem partidária, sendo todas as despesas pagas através de recursos próprios ou de doações de terceiros. O cerne da investigação gira sobre o fato de Pablo ter sido o maior doador de sua campanha, e ter locado veículos e aeronaves de empresas da qual faz parte do quadro societário, movimento esse que não infringe qualquer norma legal, uma vez que foram utilizados os instrumentos jurídicos aceitáveis pela justiça eleitoral.
As diligências foram conduzidas de maneira profissional pelos agentes envolvidos na operação, que recolheram apenas computadores e celulares dos investigados.
Reiteramos que nenhum ilícito foi praticado e nenhum centavo de dinheiro público foi utilizado nas campanhas eleitorais, sendo todas as prestações de contas apresentadas aos tribunais eleitorais competente para julgamento.
Conforme noticiado, a prestação de contas para o cargo de deputado federal foi indeferida com base em pontos controversos, sobre os quais já foram impetrados os instrumentos jurídicos necessários, para que a decisão seja revista, e a prestação de contas seja deferida.
Toda cooperação necessária para o esclarecimento dos fatos estão e continuaram sendo prestadas, para pôr fim à esse equívoco o mais rápido possível.
Tassio Renam, advogado