Quem liderava as pesquisas um ano antes das últimas eleições

Por mais que as pesquisas pareçam selar os destinos dos candidatos, os pleitos evidenciam que os cenários podem mudar na reta final

19 dez 2021 - 11h03
(atualizado às 11h20)

Pesquisas de intenção de voto, como se repete no mundo político, são "retratos do momento". O histórico de campanhas anteriores ajuda a demonstrar essa percepção. Não é raro assistir ao "sobe e desce" de pré-candidaturas ao longo de meses de campanha — a oficial começa apenas no segundo semestre de 2022, mas, na prática, o debate já começou e se intensifica com as negociações em torno de alianças. Um exemplo de reviravolta é o próprio presidente Jair Bolsonaro, que tinha menos de 15% das intenções de voto a um ano das eleições de 2018.

Entretanto, nunca houve uma reviravolta de candidatos que tenham começado o ano abaixo dos 10% nas pesquisas. Em entrevista ao Estadão em junho, o cientista político Antonio Lavareda afirmou que destacou: "Não temos histórico de candidato presidencial exitoso no Brasil que não tenha ingressado no ano da eleição com o patamar de dois dígitos", disse.

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Quem liderava as pesquisas um ano antes das últimas eleições
Quem liderava as pesquisas um ano antes das últimas eleições
Foto: Paulo Pasa / Futura Press

Até 2010, pesquisas com mais de um ano de antecedência eram mais raras. Acompanhamentos quase mensais começaram a ser comuns a partir daquele ano. Relembre os cenários a cerca de um ano do pleito e compare com o resultado final nas corridas presidenciais e as principais reviravoltas.

2010

Até abril de 2010, o candidato favorito para vencer as eleições daquele ano era José Serra (PSDB). Em dezembro de 2009, o tucano chegou a ter vantagem de 46% contra 21% de Dilma Rousseff (PT), segundo pesquisa Vox Populi. À época, o presidente do País era Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Dilma, embora tivesse passagem pelo governo como ministra de Minas e Energia, não era um nome muito conhecido pela população.

A petista começou o ano da eleição tendo a preferência de pouco menos de um terço da população e passou a sair na frente de Serra a partir de maio. Afinal, foi eleita com 56% dos votos válidos.

2014

Em outubro de 2013, o ex-senador Aécio Neves (PSDB-MG) aparecia com 14% das intenções de voto em pesquisa do Ibope. Em fevereiro de 2014, o mineiro estava empacado em um índice muito próximo, apesar de ligeiramente maior: 17%, segundo o Datafolha. Dilma tinha vantagem ampla e aparecia com 47%. Em outubro daquele ano, porém, o tucano chegou ao segundo turno e perdeu para Dilma por um resultado acirrado de 51% a 48%.

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Uma peculiaridade das eleições de 2014 foi a morte de um dos candidatos, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). Em seu lugar na disputa, entrou a ex-senadora Marina Silva (à época, também do PSB), que antes era apontada como sua possível vice.

A ex-ministra do meio ambiente figurava melhor que Campos em pesquisas feitas em 2013. No Ibope, por exemplo, uma substituição do ex-governador por Marina mudava o índice de 10% para 21%. Cogitava-se que ela pudesse chegar ao segundo turno no pleito de 2014, o que não ocorreu.

2018

Em outubro de 2017, a um ano das eleições que elegeram o presidente Jair Bolsonaro, o preferido para a disputa do ano seguinte era o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À época, o petista tinha 35% de preferência e Bolsonaro, apenas 13%, segundo pesquisa do Ibope.

No cenário sem Lula — já existia a possibilidade de ele ficar inelegível devido às condenações da Lava Jato —, Bolsonaro empatava com Marina Silva, ambos com 15%. Bolsonaro cresceu em 2018 com uma campanha intensa nas redes sociais e chegou ao pleito com favoritismo contra o adversário Fernando Haddad (PT). Por fim, as urnas apontaram a vitória do atual presidente, que obteve 55% dos votos válidos no segundo turno. Haddad, substituto de Lula após o TSE barrar a candidatura do ex-presidente com base na Lei da Ficha Limpa, ficou com 44%

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