Na manhã deste domingo, 24, a Polícia Federal prendeu três suspeitos de terem arquitetado o assassinato de Marielle Franco. Entre eles está Rivaldo Barbosa, acusado de ter 'planejado meticulosamente' a execução do crime, idealizado pelos irmãos Brazão. Em 2018, quando o crime aconteceu, ele era chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro – e foi promovido ao cargo uma semana antes do ocorrido.
Segundo informações do colunista Lauro Jardim, de O Globo, quem o promoveu de chefe da Delegacia de Homicídios a Chefe da Polícia Civil foram os generais Braga Netto e Richard Nunes. Em sua posse, na época, ele afirmou que uma de suas prioridades era "combater a corrupção".
Segundo investigações da PF, 12 hroas após a consumação dos homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes , Rivaldo nomeou o delegado Giniton Lages, pessoa de sua confiança, para o cargo de Delegado Titular da Delegacia de Homicídios da Capital -- o reponsável pela apuração do crime. Isso "operacionalizou a garantia da impunidade dos autores do delito", complementou a PF, no inquérito ao qual o Terra teve acesso.
Por que Mariele foi morta?
As investigações indicam que o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, após uma "descontrolada reação" de Chiquinho Brazão devido à participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016. A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão quando ainda era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
A presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Na região, em sua maioria é dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.
Também foram identificados diversos indícios do envolvimento dos Brazão com atividades criminosas, incluindo as relacionadas com milícias e 'grilagem' de terras. Ficou, então, delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização funciária e defesa do direito à moradia. No caso, Marielle queria utilizar esses territórios para fins sociais e a construção de moradias populares.
'Cinco anos de investigações infrutíferas'
O inquérito da Polícia Federal foi instaurado em 21 de julho de 2023, cinco anos após o crime que tirou a vida de Marielle Franco e de Anderson Gomes, motorista que foi executado junto com a vereadora.
Junto com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, citou terem se passados "cinco anos de investigações infrutíferas" pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. No entanto, os resultados da operação da Polícia Federal em torno do caso, iniciadas após o presidente Lula tomar posse, são o "triunfo do povo brasileiro contra a criminalidade avançada".
Para Lewandowski, as investigações também revelam o modus operandi das milícias do Rio de Janeiro, "que é bastante sofisticado". A partir disso, com os documentos e informações que serão obtidos por meio dos mandados de busca e apreensão domiciliar e pessoas que também foram expedidos, a expectativa é que outros casos também sejam desvendados.
A operação e os presos
A Polícia Federal prendeu preventivamente, na manhã deste domingo três suspeitos de mandar matar Marielle Franco e Anderson Gomes: Domingos Brazão, Chiquinho Brazão e Rivaldo Barbosa. Segundo as investigações, a motivação do crime foi a atuação política de Marielle, que atrapalhava o interesse dos irmãos.
De acordo com decisão do ministro Alexandre de Moraes que autoriza a prisão, o planejamento da execução teria começado no segundo semestre de 2017, por causa da participação de Marielle na votação do Projeto de Lei Complementar 174/2016. A proposta, de autoria de Chiquinho Brazão na época em que era vereador, dispunha sobre a regulamentação fundiária de loteamentos e grupamentos existentes nos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena e Itanhangá, assim como nos bairros da XVI RA – Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
No relatório final do inquérito, que possui 479 páginas, é descrito que a presença de Marielle junto a comunidades em Jacarepaguá era o que mais atrapalhava os interesses dos irmãos. Isso porque na região, que em sua maioria é dominada por milícias, se concentrava relevante parcela da base eleitoral da família Brazão.
A operação foi antecipada para este final de semana para preservar o "fator surpresa", já que havia potencial risco de fuga dos investigados. Além disso, para evitar vazamentos, as informações sobre a ação policial foram compartimentadas.
De acordo com o O Globo, agentes responsáveis por executar os 12 mandados de buscas e apreensões no Rio de Janeiro receberam informações genéricas sobre o caso. Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em complemento, segundo o jornalista César Tralli, da Rede Globo, a decisão de antecipar a operação foi tomada na noite de quinta para sexta-feira, em Brasília. Foram envolvidas as cúpulas da Procuradoria Geral da República (PGR), da Polícia Federal (PF) e auxiliares do Supremo Tribunal Federal (STF).
A urgência foi devido à homologação da delação do ex-policial militar Ronnie Lessa, na última terça-feira, 19. Detalhes da delação começaram a ser divulgados e poderiam atrapalhar a operação. Além disso, foram encontrados indícios de que parentes dos alvos do inquérito estavam se movimentando para deixar o Brasil.