Dodge tomou decisão sobre STF em férias, longe do Brasil

Procuradora-geral da República, que está nos EUA, tem a prerrogativa de responder em qualquer situação

17 abr 2019 - 08h03
(atualizado às 08h49)

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enfrentou seu momento mais tenso no cargo bem longe do gabinete em Brasília. A decisão que deixou o Supremo Tribunal Federal em suspense por cerca de quatro horas veio dos Estados Unidos, onde Raquel curte alguns dias de férias.

Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em sessão do STF
01/02/2018
REUTERS/Ueslei Marcelino
Procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em sessão do STF 01/02/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Mesmo em recesso, a procuradora-geral da República tem a prerrogativa de responder em qualquer situação. Assim o fez. Numa canetada, determinou o arquivamento do inquérito aberto pelo presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, para investigar fake news e a divulgação de mensagens nas redes sociais que atentem contra a honra dos ministros.

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Não foi um ato impensado. As discussões sobre que medida tomar começaram na segunda-feira, 15. Depois de fazer contatos com a cúpula da Procuradoria, como o vice-procurador geral Luciano Mariz Maia, Raquel decidiu por assinar a manifestação que determinou o fim do inquérito e a anulação das provas colhidas e das medidas determinadas pelo relator, Alexandre de Moraes. Algo que, horas depois, foi ignorado pelo ministro e pelo presidente do Supremo.

Raquel vinha fiel ao seu estilo de não se posicionar publicamente. Sua única atuação neste caso, até agora, tinha se limitado a um pedido de informações à Corte, o que foi sumariamente ignorado e considerado "pouco" pelos seus pares diante de tantas polêmicas envolvendo o inquérito contra fake news.

Disputa

Indicada para a Procuradoria pelo ex-presidente Michel Temer, Raquel tem mandato até setembro. A disputa é acirrada e as apostas são de que ela não deverá ser reconduzida pelo presidente Jair Bolsonaro, embora esteja na corrida para ocupar a chefia do Ministério Público por mais dois anos. Bolsonaro não descarta indicar um membro do Ministério Público Militar, o que quebraria uma tradição no órgão.

Ao atuar de forma mais incisiva nesta terça-feira, 16, Raquel ganhou pontos entre seus colegas procuradores. Mas houve quem observasse que faltou uma defesa enfática à liberdade de imprensa na sua manifestação. Por determinação do inquérito que ela tentou anular, dois órgãos de imprensa tiveram uma reportagem retirada do ar.

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Raquel voltará ao Brasil no domingo e, até lá, deve decidir se vai recorrer do "contra-ataque" do STF. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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