O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), relator do processo contra o deputado André Vargas (sem partido-PR) no Conselho de Ética, arrolou o doleiro Alberto Youssef e o presidente do PT, Rui Falcão, como testemunhas. Vargas é alvo de processo que pode levar à cassação de seu mandato pela relação que mantinha com Youssef.
Delgado também quer ouvir o secretário Carlos Gadelha, do Ministério da Saúde, com quem Vargas teria tratado de um contrato de interesse do doleiro com o laboratório Labogen; os sócios da empresa, Leonardo Meirelles e Esdra Ferreira; o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP); o deputado Cândido Vaccarezza; e Bernardo Tosto, dono da empresa Elite Aviation, que fretou o avião pago por Youssef e utilizado por André Vargas.
O Conselho de Ética fará convites para as testemunhas, mas elas não são obrigadas a comparecer. As pessoas convidadas pelo relator precisam ser ouvidas antes das arroladas pela defesa. Vargas convidou seis pessoas de Londrina (PR), sua base eleitoral, e precisa custear as despesas das testemunhas. Ele também solicitou a presença de Alberto Youssef.
Então vice-presidente da Câmara, Vargas admitiu em abril, na tribuna da Casa, ter sido imprudente ao viajar nas férias com a família em um jatinho pago pelo doleiro. Mensagens trocadas pelos dois indicaram que o parlamentar tinha interesse na assinatura de contrato entre o laboratório de Youssef e o Ministério da Saúde. Em sua defesa, o deputado disse ter orientado o doleiro “na forma da lei” a conseguir a parceria com o governo.
Pressionado pelas denúncias, André Vargas deixou a vice-presidência e o Partido dos Trabalhadores (PT). Ele chegou a avisar dirigentes da legenda que pretendia renunciar ao mandato, mas decidiu permanecer como deputado durante o processo no Conselho de Ética.
O PT, na semana passada, pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a perda do mandato de Vargas em razão de sua desfiliação da legenda. Delgado chamou o presidente do partido para saber se ele apoia ou não a cassação do ex-filiado.
A ideia do relator é ouvir as testemunhas nos dias 17 e 18 de junho e tentar concluir o relatório em julho.