Reunidos com Bolsonaro, "ala militar" discute "crise Moro"

Generais do Planalto traçam estratégia para presidente responder acusações do ex-ministro

24 abr 2020 - 16h13
(atualizado às 16h23)
Bolsonaro exonerou Valeixo do comando da PF em decisão publicada no Diário Oficial
Bolsonaro exonerou Valeixo do comando da PF em decisão publicada no Diário Oficial
Foto: Marcos Corrêa/PR / BBC News Brasil

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro está reunido na tarde desta sexta-feira (24), com ministros, incluindo os militares, para discutir a melhor estratégia de resposta às acusações feitas por Sérgio Moro ao pedir demissão. O presidente pretende conceder uma entrevista às 17h para, em suas palavras, "restabelecer a verdade".

Ao anunciar a saída do cargo, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. As declarações do ministro surpreenderam integrantes do Palácio do Planalto, que apontaram "perplexidade" com o tom da fala.

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Ao discutir a melhor forma de responder, auxiliares de Bolsonaro avaliam que a versão do ministro já está "no ar" e será muito difícil de contrapô-la. Pesa o fato de o ex-juiz da Lava Jato ter credibilidade na opinião pública, pois é considerado um "ícone" no combate à corrupção.

A nova crise, porém, não deve mudar, ao menos nas próximas horas, a presença dos militares no governo. Parte deles, inclusive, está reunida com o presidente. O discurso é de que os oriundos das Forças Armadas cumprem missão e estão ali para trabalhar pelo projeto de País.

O clima no Palácio do Planalto nesta sexta-feira, no entanto, é de abatimento. O motivo é mais uma crise política, com contornos imprevisíveis, em um momento de pandemia.

O movimento feito por Bolsonaro de demitir o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, foi considerado muito arriscado por auxiliares. O presidente chegou a ser avisado das consequências de promover a mudança e levar Moro ao limite, abrindo caminho para sua saída. Nas conversas, foi alertado de que a situação do ex-juiz era diferente do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, demitido pelo na semana passada após seguidos choques com Bolsonaro.

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Um assessor palaciano ouvido pelo Estado, no entanto, disse que muitas vezes é inútil tentar assessorar o presidente. Embora ouça seus auxiliares, o perfil intempestivo do presidente não ajuda, que acaba muitas vezes os contrariando.

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