A cidade de Porto Alegre foi tomada por vários protestos simultâneos desde as primeiras horas desta quinta-feira (12). Os diferentes grupos se uniram já no final da manhã, no Centro da cidade, para unidos marcharem em direção ao Palácio Piratini em defesa da Petrobras e contra as manifestações programadas para o domingo pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“No domingo são os coxinha que vão às ruas”, “burguesia que vá para a pqp”, “a Petrobras é nossa”, “não à privatização” eram palavras de ordem comuns aos diferentes grupos que se reuniram em defesa da estatal, que enfrenta o maior escândalo de corrupção de sua história, e também em clara posição contrária às manifestações de impeachment.
Logo pela manhã, funcionários de uma empresa de ônibus que opera linhas da zona sul da cidade, alheios à motivação dos demais protestos, fizeram um ato contra demissões arbitrárias que a empresa estaria promovendo.
Por volta das 7h, a CUT reuniu centenas de pessoas em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) em Canoas, na região metropolitana, em defesa da Petrobras. Às 9h30, a Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf) fizeram um ato em frente à Secretaria Estadual da Fazenda pedindo a liberação de recursos federais na ordem de R$ 10 milhões para amenizar os impactos sofridos pelos produtores de leite por conta dos efeitos provocados pela Operação Leite Compensado, que investigou a adulteração de leite.
Neste mesmo horário, o Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers) fez um ato em frente ao Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul (Ipergs) pedindo providências contra a falta de repasses do governo do Estado. Uma comissão foi recebida ao final do ato, no Palácio Piratini, onde ouviram que o governo estudaria o tema.
No final da manhã, por volta das 11h, a concentração ocorreu no centro da cidade, no Largo Glênio Peres, onde a organização estimava 5 mil pessoas reunidas para o ato. Ali o tema foi a defesa da Petrobras contra uma “tentativa de privatização”, o golpismo da burguesia e da mídia golpista, e os direitos do trabalhador. Movimentos como a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Cpers, integrantes do Partido dos Trabalhadores e outros grupos e entidades se reuniram para o grande ato do dia.
“Esses dias são decisivos. Temos que sair às ruas para defender que o petróleo é nosso... Essa direita golpista, essa mídia golpista não tem moral para falar em impeachment”, dizia Jussara Cony, secretária municipal da mulher do PCdoB. “Dilma mentiu para a ditadura para defender a democracia. Eles não sabem o que é o povo batendo panela com a barriga vazia, como se via na ditadura militar”, completava.
O Partido dos Trabalhadores também esteve representado e fez uso da palavra para criticar as medias provisórias do governo federal que visam mudar as regras em relação aos direitos trabalhistas. “Temos que defender uma presidente eleita de forma democrática, não vamos querer medias contra o direito dos trabalhadores, somos contra o golpismo. Queremos uma nova constituinte para mudar o sistema político do País”, dizia a secretária de juventude do PT, Juliana de Souza.
O presidente da CTB-RS, Guimar Vidor, explicou que a entidade foi às ruas contra aqueles que defendem o impeachment, em favor da Petrobras, mas também para defender as demandas trabalhistas da categoria. “São setores que querem um terceiro turno, já vimos isso com Getúlio Vargas e com Jango, eles querem se organizar e aproveitar para dar um golpe”, disse.
Por volta das 12h o grupo marchou em direção ao Palácio Piratini, onde derrubaram um tonel com leite e milho e em frente a sede do governo gaúcho, seguidos de discursos das diferentes lideranças que ali estavam reunidas.