O pré-candidato do PDT ao governo gaúcho, deputado federal Vieira da Cunha, mostrou disposição em recuperar o "protagonismo" do partido no cenário político. Concorrendo com o petista Tarso Genro, governo do qual participou por três anos, o PDT terá o apoio de DEM, PSC e PV. Vieira foi o entrevistado desta quinta-feira pela sabatina promovida pelo Terra em parceria com a Ulbra TV e Sul21.
"Achamos que chegou a hora de o PDT ter candidatura própria, liderar, porque estava virando um apêndice do PT, coadjuvantes no cenário gaúcho, assim como no nacional", declarou, destacando ainda que foi contra o apoio da legenda à reeleição da presidente Dilma Rousseff, preferindo optar pela candidatura do senador Cristovam Buarque (DF), e citando "desconforto" com o papel do PDT.
Terceira via
Com as pesquisas mostrando a polarização entre o atual governador e a senadora Ana Amélia Lemos (PP), Vieira não se intimida com a faceta de "terceira via" na eleição gaúcha. "É uma expressão que quer dizer uma alternativa. Não quer dizer que eu seja um candidato menor, porque a eleição ainda não iniciou. E há muitos exemplos de candidaturas que começaram nesse patamar e se sagraram votoriosas. Então não intimida, é um desafio", disse, lembrando as eleições de Yeda Crusius (PSDB) e Germano Rigotto (PMDB).
Se declarando um candidato "de oposição, mas prepositivo", Vieira diz que o PDT não aceita "a situação em que está nosso Estado". "O governo Tarso, lamentavelmente, não conseguiu sanar as dificuldades, mas aprofundou, cavou ainda mais fundo o buraco onde o Rio Grande do Sul já se encontrava. Somos o Estado mais individado do País. Essa é uma situação que não pode perdurar, temos que virar essa página de atraso."
Palanque presidencial
Vieira tentou poupar a ex-pedetista Dilma de ataques, mas declarou que, apesar do apoio da Executiva Nacional à presidente, em seu palanque ela não subirá. "Nada contra a Dilma, mas infelizmente ela faz parte de um partido que tem uma vinculação indissociável com um dos males do Brasil, que é a corrupção. Não consigo me associar a uma candidatura que tem essa mancha", disse, citando os ex-dirigentes petistas presos na Papuda, em Brasília, pelo processo do mensalão.
O pré-candidato não revelou quem terá seu apoio na disputa presidencial, disse que está estudando e garantiu que anunciará seu voto publicamente durante a campanha. Porém, anunciou que receberá sempre os candidatos dos partidos que o apoiam: Pastor Everaldo (PSC) e Eduardo Jorge (PV).
Legado brizolista
Disposto a ressaltar o legado do trabalhista Leonel Brizola, Viera tem marcada para o dia 21 em São Borja a convenção que lhe lançará candidato. Na cidade está sepultado o fundador do PDT, assim como os ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart, e a data marca os 10 anos da morte de Brizola. A educação, portanto, deverá ser diretriz de seu programa de governo. "Uma escola de tempo integral construída hoje, é um presídio a menos que teremos que construir no futuro", disse Vieira, exaltando o projeto dos Cieps. O deputado também voltou a atacar o governo Tarso por não cumprir a lei do piso para os professores, que ele mesmo assinara quando ministro da área.
Questionado sobre os recentes protestos, com participação de black blocs, Vieira destacou ter participado de manifestações estudantis em prol da democracia, eleições diretas e anistia. "Cansei de descer a (avenida) João Pessoa com o pau comendo, a polícia descendo o cacete em nós. Mas nós militávamos por uma causa e nunca nos escondemos atrás de um máscara. E nunca nos utilizamos de expediente de dilapidação do patrimônio seja público, seja privado. Então, minha posição sobre isso é muito clara: num governo sob minha responsabilidade, a Brigada Militar (PM gaúcha) vai agir com rigor."