A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) criticou nesta quarta-feira a exoneração "arbitrária" feita pelo presidente interino Michel Temer do diretor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Ricardo Melo, que tinha sido nomeado por Dilma há apenas duas semanas.
Em comunicado, o responsável para a América Latina da RSF, Emmanuel Colombié, ressaltou que "denuncia com vigor a decisão do presidente Temer, que é ao mesmo tempo arbitrária e contrária à legislação brasileira".
Colombié considerou que o afastamento de Melo, da forma como foi feito, constitui "uma verdadeira tentativa de interferir na comunicação pública do país" e insistiu que "a informação deve se desenvolver de forma autônoma, sem ingerência e instrumentalização dos dirigentes políticos", pois o que está em jogo é a "credibilidade" da EBC.
A RSF destacou que Melo foi exonerado através de um decreto e que o mesmo tinha sido nomeado há duas semanas pela presidente afastada Dilma Rousseff. Além disso, a organização ressaltou que a legislação que criou a EBC prevê um mandato de quatro anos, desvinculado com o calendário eleitoral do país.
Para Colombié, esta seria uma forma para - pelo menos teoricamente - tentar garantir imparcialidade e autonomia de funcionamento ao órgão.
Além disso, a RSF destacou que, de acordo com as últimas informações, Temer escolheu como sucessor o também jornalista Laerte Rimoli, antigo diretor de comunicação da Câmara dos Deputados durante a presidência de Eduardo Cunha, que foi responsável por levar adiante o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
A ONG também lembrou que Rimoli trabalhou na equipe de campanha do candidato Aécio Neves, do PSDB, que foi derrotado nas últimas eleições presidenciais.