Saiba quem é Valdemar Costa Neto, aliado de Bolsonaro preso na operação Tempus Veritatis da PF

8 fev 2024 - 18h18

O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, foi preso em flagrante nesta quinta-feira, 8, por porte ilegal de arma de fogo. Ex-deputado federal por seis mandatos, foi condenado no mensalão, esteve ao lado do PT contra o impeachment de Dilma Rousseff e mudou de lado ao abrigar Jair Bolsonaro no PL e apoiá-lo nas eleições de 2022, contra Luiz Inácio Lula da Silva.

Flagrado pela Polícia Federal (PF) com uma arma em situação irregular durante busca nesta manhã, o líder do partido de Bolsonaro é um dos investigados na Operação Tempus Veritatis, que apura organização criminosa responsável por atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito após as eleições de 2022.

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O ex-deputado federal já estava na mira da PF por, supostamente, ter usado dinheiro do Partido Liberal para reforçar a falsa narrativa de fraude nas urnas, consequentemente, legitimando as manifestações bolsonaristas. Em 2022, o PL foi condenado a pagar multa por "litigância de má-fé", após a tentativa de anular os votos de 279,3 mil urnas eletrônicas, sob a justificativa de que houve "mau funcionamento" do sistema.

Na época, Valdemar Costa Neto alegou que os modelos de urnas anteriores a 2020 têm o mesmo número de patrimônio, o que impediria a fiscalização. Porém, os mesmos aparelhos foram usados nas eleições de 2018, quando Bolsonaro venceu a disputa. Com uma argumentação sem lastro do partido, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indeferiu o pedido, aplicando uma multa de R$ 22,9 milhões à legenda, o que equivale a 25% dos R$ 89 milhões gastos com a campanha à reeleição de Bolsonaro.

Aliança com Bolsonaro

Apesar de aliados, Valdemar e o ex-chefe do Executivo têm uma relação marcada por atritos desde que o ex-presidente se filiou ao PL, em 2021. Entre os conflitos mais recentes, estão as posições divergentes do dirigente partidário e do ex-presidente em temas como as eleições municipais de 2024 e a reforma tributária.

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Como mostrou o Estadão, movimentos recentes indicam que a intenção de Bolsonaro é priorizar aliados próximos nas eleições deste ano, mostrando, assim, que ainda é forte politicamente. Enquanto isso, Valdemar busca candidatos viáveis visando um partido grande para obter mais recursos e poder de barganha. Uma das criticas dos apoiadores de Bolsonaro foi após Valdemar Costa Neto declarar apoio à pré-candidatura de Lucas Sanches, ex-membro do Movimento Brasil Livre (MBL), para a prefeitura de Guarulhos (SP) nas eleições de 2024.

O presidente do PL também foi criticado por bolsonaristas por ter feito elogios feitos a Lula em janeiro. Em entrevista ao jornal regional O Diário, de Mogi das Cruzes e do Alto Tiête, Valdemar afirmou que Lula tem "prestígio", enquanto Bolsonaro tem "carisma". "Lula não tem comparação com Bolsonaro, completamente diferente. O Lula tem muito prestígio, não o carisma que Bolsonaro tem, mas tem popularidade, é conhecido por todos os brasileiros. O Bolsonaro, não, pois tem um mandato só", afirmou ao jornal.

Em reação, o ex-presidente afirmou a apoiadores em Angra dos Reis (RJ) que "declarações absurdas" de "uma pessoa do partido" podem implodir a sigla. Após a repercussão negativa, Valdemar recuou e disse que Lula "não chega aos pés" de Bolsonaro.

Condenações passadas

Em 2013, Valdemar Costa Neto havia sido condenado a sete anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, deflagrado em 2005. Na época, o político foi acusado como um dos artífices da montagem do esquema para compra de apoio no primeiro mandato de Lula.

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Valdemar Costa Neto foi recolhido ao Complexo da Papuda, no Distrito Federal. Em 2014, foi autorizado a cumprir em casa o restante da pena e, depois, foi obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica. Cumpriu parte da pena até o mesmo ano, dois anos depois, o STF declarou extinta a punibilidade por aqueles crimes.

Em 2015, o nome do líder do PL voltou a aparecer em inquéritos no âmbito da Lava Jato, como intermediário de propinas com empreiteiras interessadas no Ministério dos Transportes, pasta que teve influência direta de Valdemar Costa Neto no governo Lula.

Impeachment de Dilma e governo Temer

Em 2016, Valdemar defendeu a permanência do PR (atual PL), na base aliada de Dilma Rousseff. Segundo aliados, ele argumentava que a sigla devia gratidão por todo o espaço que teve durante os governos do PT. Lula coordenou essa articulação e se reuniu com ele às vésperas do julgamento. Depois, o ex-deputado afirmou que não ia se opor à participação da legenda no governo de Michel Temer (MDB).

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