José Ivo Sartori (PMDB) foi empossado como governador do Estado do Rio Grande do Sul, nesta quinta-feira, prometendo medidas “duras” e “difíceis” para sanar os problemas financeiros - como o decreto que suspende o pagamento de fornecedores por seis meses - , e já no caminho ao Piratini, enfrentou manifestações contra a extinção da Secretaria de Políticas das Mulheres. Já no palácio, o novo governador foi recebido com frieza por Tarso Genro, que não aplaudiu em nenhum momento o sucessor na transmissão do cargo.
“É obrigatório, porque é absolutamente necessário, é imperioso. O Rio Grande do Sul queimou todas as suas possibilidade de buscar dinheiro para financiar os seus déficits, ou gastou mais do que arrecada - o que vem acontecendo nos últimos anos - então o volume da despesa prevista não cabe dentro da receita. A previsão para este ano é de ter um déficit de mais de R$ 5,5 bilhões”, afirmou o secretario da Fazenda Giovani Feltes logo cedo, em entrevista ao Terra, quando começaram a pipocar detalhes sobre a moratória que surgirá como primeira medida do novo governo, e nas quais disse que o impacto da medida será de aproximadamente R$ 700 milhões.
Em seu discurso de posse na assembleia, Sartori defendeu a melhoria dos serviços públicos, mas também falou sobre medidas mais “duras, difíceis, mas inadiáveis e fundamentais”, mensagem clara do decreto que está por vir. O texto ainda não foi divulgado, mas sabe-se que cortará ainda a compra de passagens aéreas, pagamentos de diárias de servidores, contratos e contratações por seis meses. "É hora de chorar menos e fazer mais... falar menos e fazer mais, sem vitimização", afirmou.
Indagado sobre o decreto, o chefe da Casa Civil, Marcio Belolchi, afirmou que, apesar de não poder ser chamada tecnicamente de uma moratória, o decreto tem o mesmo objetivo de uma medida como essa, porque suspende o pagamento das dívidas. “É uma medida cautelar que o governo está tomando justamente para priorizar em especial os servidores do Estado, não é economia para fazer caixa (...) o que o decreto esta pretendendo abordar são os restos a pagar, e não sabemos quanto é em relação a fornecedores, para fazer com que não haja um desembolso monstruoso, que comprometa as finanças”, explicou, dizendo que devem iniciar negociações com os credores para evitar possíveis ações judiciais.
“Sartori machista”
Após a posse, na qual proferiu um discurso de mais de 20 minutos, Sartori enfrentou um protesto ao deixar a Assembleia Legislativa. Cerca de 20 manifestantes gritavam contra a extinção da Secretaria de Políticas da Mulheres. "Sartori, machista, não acaba com a minha conquista", diziam em frente a saída da casa legislativa estadual, enquanto que partidários do novo governador respondiam: “adeus, PT, adeus, PT!”, como forma de provocar as jovens que se manifestavam ali.
O governador passou em frente à manifestação, mas nada falou sobre o que acontecia, e seguiu a caminhada de poucas dezenas de metros ao Palácio Piratini, onde participou de uma segunda fase da cerimônia de posse.
Frieza
Na cerimônia no Piratini de transmissão de cargo, Tarso foi sucinto nas palavras, e, em cinco minutos, agradeceu sua equipe, desejou um bom governo para Sartori, e lembrou do pacto com ex-governadores, que ajudou na renegociação da dívida do Estado. “Saí do do governo de cabeça erguida, como o senhor entra e como o senhor certamente um dia sairá. Meu abraço fraterno, meu respeito, e desejo de que faça um bom governo”, afirmou Tarso.
Durante toda a cerimônia, Tarso manteve a mesma expressão sisuda, sorrindo apenas ao cumprimentar Sartori após o discurso do novo governador.
“Temos que ser mais discretos nos anúncios, na publicidade, e mais eficientes nos resultados”, afirmou o novo governador, repetindo em seus discurso a defesa da melhoria dos serviços públicos, e a união com a sociedade. “Todos por todos e que Deus nos proteja”, afirmou o novo governador em seus segundo discursos que precedeu a posse dos secretariado e a primeira reunião dos titulares das pastas em sua gestão.