O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão, suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018, já possuía um histórico de ameaças a adversários, conforme informações que constam no relatório da Polícia Federal (PF). As informações foram divulgadas pela CNN e confirmadas pelo Terra.
Além de Domingos Brazão, foram presos no domingo, 24, o deputado federal Chiquinho Brazão (RJ) e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa. Os dois também são suspeitos de envolvimento como mandantes dos assassinatos.
Durante uma sessão na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em 2014, Domingos Brazão, na época deputado estadual pelo MDB, teve uma discussão com Cidinha Campos (PDT) na qual a chamou de "vagabunda" e "p***". Em resposta, a parlamentar afirmou: "É melhor ser prostituta do que assassino e ladrão".
Em seguida, conforme relatado pela PF, Brazão replicou em um tom ameaçador: "Mando matar vagabundo mesmo. Sempre mandei. Mas vagabundo. Vagabunda ainda não mandei matar."
De acordo com as investigações, membros do TCE-RJ recebiam 15% dos valores liberados pelo Fundo de Modernização do Tribunal para quitar faturas vencidas de fornecedores de alimentação para presos e jovens em medidas de internação, além de beneficiar empresas de transporte durante atos de fiscalização da Corte.
Ainda de acordo com informações da PF, em depoimento de colaboração premiada prestado pelo então conselheiro Jonas Lopes de Carvalho Júnior, durante uma reunião no prédio do TCE-RJ, surgiu uma discussão sobre a possibilidade do também conselheiro José Maurício Nolasco, detido na Operação Quinto do Ouro, firmar um acordo de colaboração premiada. Essa possibilidade teria incomodado Brazão, que teria dito: " Se ele fizer isso, ele morre. Eu começo por um neto, depois um filho, faço ele sofrer muito, e por último ele morre"